O Símbolo QVICVMQVE

A palavra latina "Quicumque" refere-se à primeira palavra do parágrafo inicial do Símbolo escrito em latim: "Quicumque vult salvus esse, ante omnia opus est, ut teneat catholicam fidem."

Boulenger, em Doutrina Católica, Primeira Parte, O Dogma (Símbolo dos Apóstolos), Livraria Francisco Alves Paulo de Azevedo & Cia, Rio de Janeiro, São Paulo, 1927, na página 29, afirma que
o Símbolo de santo Atanásio não se encontra nos escritos de santo Atanásio, se bem que leve o nome deste santo. É provável que terá sido composto pelo século VI, talvez por são Cesário, bispo de Arles. O costume deste autor, era colocar, no princípio de suas obras, o nome de um Padre da Igreja. Daí proviria a denominação de Símbolo de santo Atanásio. Este Símbolo expõe a doutrina católica sobre a Trindade e a Encarnação.
Denziger-Hünermann, em Compêndio dos Símbolos, Definições e Declarações de Fé e Moral, Paulinas, Edições Loyola, São Paulo 2007, na página 40, chama este símbolo de "pseudo-atanasiano", e esclarece que
entre os estudiosos predomina a convicção de que o autor deste Símbolo não é Atanásio de Alexandria, mas deve ser procurado entre os teólogos do Ocidente. A maioria dos manuscritos mais antigos alega como autor Atanásio, outros, o Papa Atanásio I. Mas como não remontam a um período anterior ao séc. VIII, com razão se questiona sua confiabilidade. Os textos gregos ainda existentes são traduções do latim, não vice-versa. Entre os possíveis compositores deste Símbolo são mencionados particularmente: Hilário de Poitiers, † ca. 367; Ambrósio de Milão, † 397; Nicetas de Remesiana, † ca. 414; Honorato de Arles., † 429; Vicente de Lérins, † antes de 450; Fulgência Ruspe, † 532; Cesário de Arles, † 543; Venâncio Fortunato, † ca. 601. Prevalece a opinião de que este Símbolo tenha surgido, entre 430 e 500, no sul da Gália, possivelmente na região de Arles, por obra de autor desconhecido. No decorrer do tempo este Símbolo adquiriu tal autoridade, no Ocidente como no Oriente, que na Idade Média chegou a ser equiparado aos Símbolos apostólico e niceno a ser usado na liturgia.
Símbolo [pseudo] Atanasiano

Antífona. Glória a Vós, Trindade igual, única Divindade, antes dos séculos, e agora e sempre (T. P. Aleluia).

1. Quem quiser salvar-se deve antes de tudo professar a fé católica.
2. Porque aquele que não a professar, integral e inviolavelmente, perecerá sem dúvida por toda a eternidade.
3. A fé católica consiste em adorar um só Deus em três Pessoas e três Pessoas em um só Deus.
4. Sem confundir as Pessoas nem separar a substância.
5. Porque uma é a Pessoa do Pai, outra a do Filho, outra a do Espírito Santo.
6. Mas uma só é a divindade do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, igual a glória, coeterna a majestade.
7. Tal como é o Pai, tal é o Filho, tal é o Espírito Santo.
8. O Pai é incriado, o Filho é incriado, o Espírito Santo é incriado.
9. O Pai é imenso, o Filho é imenso, o Espírito Santo é imenso.
10. O Pai é eterno, o Filho é eterno, o Espírito Santo é eterno.
11. E contudo não são três eternos, mas um só eterno.
12. Assim como não são três incriados, nem três imensos, mas um só incriado, um só imenso.
13. Da mesma maneira, o Pai é onipotente, o Filho é onipotente, o Espírito Santo é onipotente.
14. E contudo não são três onipotentes, mas um só onipotente.
15. Assim o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus.
16. E contudo não são três deuses, mas um só Deus.
17. Do mesmo modo, o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, o Espírito Santo é Senhor.
18. E contudo não são três senhores, mas um só Senhor.
19. Porque, assim como a verdade cristã nos manda confessar que cada uma das Pessoas é Deus e Senhor, do mesmo modo a religião católica nos proíbe dizer que são três deuses ou senhores.
20. O Pai não foi feito por ninguém: nem criado nem gerado.
21. O Filho procede do Pai: não foi feito nem criado, mas gerado.
22. O Espírito Santo não foi feito, nem criado, nem gerado, mas procede do Pai e do Filho.
23. Não há, pois, senão um só Pai, e não três Pais; um só Filho, e não três Filhos; um só Espírito Santo, e não três Espíritos Santos.
24. E nesta Trindade não há nem mais antigo nem menos antigo; nem maior nem menor, mas as três Pessoas são coeternas e iguais entre si.
25. De sorte que, como se disse acima, em tudo se deve adorar a unidade na Trindade e a Trindade na unidade.
26. Quem, pois quiser salvar-se deve ter estes sentimentos a respeito da Trindade.
27. Mas para alcançar a salvação é necessário ainda crer firmemente na Encarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo.
28. A pureza da nossa fé consiste, pois, em crer ainda e confessar que Nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, é Deus e homem.
29. É Deus, gerado da substância do Pai desde toda a eternidade; é homem porque nasceu no tempo da substância de sua Mãe.
30. Deus perfeito e homem perfeito, com alma racional e carne humana.
31. Igual ao Pai segundo a divindade; menor que o Pai segundo a humanidade.
32. E embora seja Deus e homem, contudo não são dois, mas um só Cristo.
33. É um, não porque a divindade se tenha convertido em humanidade, mas porque Deus assumiu a humanidade.
34. Um, finalmente, não por confusão de substância, mas por unidade de Pessoa.
35. Porque, assim como a alma racional e o corpo formam um só homem, assim também a divindade e a humanidade formam um só Cristo.
36. Ele sofreu a morte por nossa salvação, desceu aos infernos e ao terceiro dia ressuscitou dos mortos.
37. Subiu ao Céu, e está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso, donde há de vir julgar os vivos e os mortos.
38. E quando vier, todos os homens ressuscitarão com seus corpos, para prestar contas de seus atos.
39. E os que tiverem praticado o bem irão para a vida eterna, e os maus para o fogo eterno.
40. Esta é a fé católica, e aquele que não a professar fiel e firmemente não se poderá salvar.

Glória ao Pai, ao Filho, e ao Espírito Santo. Assim como era no princípio, agora e sempre, por todos os séculos dos séculos. Amém.

Antífona. Glória a Vós, Trindade igual, única Divindade, antes dos séculos, e agora e sempre (T. P. Aleluia).

V. Senhor, escutai a minha prece.
R. E chegue até Vós o meu clamor.

Oremos. Ó Deus todo-poderoso e eterno, que com a luz da verdadeira fé destes aos vossos servos que conhecessem a glória da Trindade eterna e adorassem a Unidade no poder de vossa majestade: fazei, Vos suplicamos, que, pela firmeza dessa mesma fé, sejamos defendidos sempre de toda a adversidade. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

Fonte: Cache do Google da página http://www.veritatis.com.br/article/5536

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