Exorcistas afirmam: o Ritual antigo é mais eficaz que o novo!
Pax et bonum!
No dia 18 de julho o site Religión en Libertad (ReL) publicou uma entrevista com o Pe. Antonio Doñoro, exorcista espanhol que publicou um estudo em que confirma algo antes já falado não poucas vezes pelo famoso Pe. Gabriele Amorth.
O Fratres in unum traduziu a notícia do Secretum meum mihi, que reproduziu o original espanhol da ReL. Reproduzo a tradução.
Esta comprovação pode nos suscitar um legítimo questionamento: algo mais, no âmbito espiritual, seria menos eficaz nas celebrações litúrgicas segunda a Forma Ordinária (os livros renovados, atuais)? Para alguns não há nenhuma dúvida. Não são muitos, porém, que terão uma comprovação tão "palpável" como os exorcistas, em relação à eficácia de um e outro ritual de exorcismo.
Certamente isto abre a porta para uma reflexão mais cuidadosa não só a nível teórico, mas a nível espiritual.
(Os negritos são meus, bem como a tradução do primeiro parágrafo, logo abaixo.)
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Em 1999, quando se promulgou o novo ritual de exorcismos, o exorcista de Roma e o mais célebre do mundo, Gabrielle Amorth, criticou sua ineficácia em comparação com o ritual anterior, cuja última edição é de 1952, porém com orações de uma antiguidade de séculos.
Um jovem sacerdote da diocese de Madri, Antonio Doñoro, licenciado em Teologia Litúrgica pela Faculdade de São Dámaso, acaba de publicar sua tese exatamente sobre este assunto: Exorcismos. Fuentes y teología del Ritual de 1952 (Toledo, 2011), com prefácio de José Rico Pavés, diretor do Instituto Teológico de San Ildefonso, que a publicou. Na obra ele aborda também, com um estudo pioneiro, a situação das dioceses espanholas quanto aos exorcismos nos últimos cinquenta anos.
Ele conversou com ReL sobre ambos os aspectos.
O senhor compartilha da opinião do Pe. Gabriele Amorth?
Como exorcista experiente que era e continua sendo, o Padre Amorth dá a sua opinião conforme sua experiência. Creio que em algum ponto, todavia, suas afirmações podem ser matizadas, porque não têm a precisão que requer uma afirmação teológica.
Qual seria este matiz?
No meu estudo, e após consulta a exorcistas experientes que passam anos realizando esta tarefa (exercendo-a desde antes de 1999), comprovei que eles substancialmente estão de acordo com o Padre Amorth. O matiz consistiria em precisar a palavra “ineficaz”. Na minha visão, e pela mesma experiência de outros exorcistas, o novo ritual é, sim, eficaz, válido e útil em alguns casos.
Em quais?
A experiência diz que é necessário distinguir nas possessões os casos mais graves e mais leves. Para estes últimos, o novo ritual é sim eficaz.
Não para os mais graves?
No meu livro, cito um caso concreto atendido por um exorcista de Cartagena, um caso grave de possessão sobre o qual o ritual novo não se mostrou eficaz, enquanto o foi, todavia, o antigo.
Tudo depende do ritual?
Não, a eficácia do exorcismo também depende principalmente da colaboração da pessoa a quem ele é aplicado e da santidade do sacerdote. Não obstante, Deus pode ter, em cada caso, razões particulares conhecidas por Ele para se opor à saída dos demônios, e assim o poder de exorcizar não seria eficaz de modo algum.
Quais são as principais diferenças entre os rituais de 1999 e 1952?
No âmbito das orações. A principal diferença é que o ritual de 1999 introduz orações ex novo, totalmente novas, enquanto que o antigo era composto de orações que tinham muitíssimos séculos, e que ao longo da história da Igreja tinham provado sua eficácia.
Por que algumas orações são mais eficazes que outras?
É que não se deve esquecer que o exorcismo é um sacramental muito especial, pois ao realizá-lo há orações que se dirigem aos anjos caídos. E os demônios são seres pessoais, por isso não é absurdo pensar que reajam de maneiras distintas conforme falemos a eles. No ritual antigo, encontramos dois aspectos que o novo não tem: o modo contundente de ordenar aos demônios e as ameaças do castigo eterno que lhes espera (o inferno). E penso que pode haver outra razão. Dizia Santo Atanásio que as orações dos santos reforçam a luta contra o demônio. Quem sabe a maior eficácia do ritual antigo não se deve ao fato de terem sido elaboradas por santos como Santo Ambrósio ou São Martinho de Tours?
É uma idéia interessante…
Ainda que nos movamos no campo da reflexão teológica, não é um ensinamento definitivo do Magistério.
Quando nasceu o ritual estabelecido em 1952?
A primeira edição é do Papa Paulo V, em 1614, após o Concílio de Trento. Mas já antes havia rituais particulares, como o Liber sacerdotalis do teólogo Alberto Castellani, ou o Ritual do Cardeal Santori, que recolhia orações que haviam demonstrado sua eficácia, e que foram incluídas no ritual de 1614. Inicialmente ele não era obrigatório, mas acabou sendo o oficial.
E continua sendo possível usá-lo…
Quando foi editado o de 1999, uma nota da Sagrada Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos abriu a porta para que se continuasse a usar o de 1952. O sacerdote tem que pedir ao bispo, e este à Congregação, que concede o uso, afirma a nota, “com gosto”… E penso que esta concessão não se refere apenas às orações, mas pode alcançar também à normativa do exorcismo. Por exemplo, às prescrições que eram necessárias cumprir quando se exorcisava uma mulher e que agora desapareceram.
O senhor realizou o primeiro estudo sistemático sobre a presença de exorcistas nas dioceses espanholas dos últimos séculos…
Sim. Já em seu tempo, o bispo auxiliar de Madri, Mons. Eugenio Romero Pose (que descanse em paz), sugeriu a necessidade de um estudo sobre a situação na Espanha desta pastoral na segunda metade do último século. Eu quis colocar um primeiro degrau e oferecer esta reflexão para que possa servir à Igreja na Espanha, embora muitos dados devam ser completados.
Há uma atenção suficiente a este problema?
Atualmente, apenas 26% das 69 dioceses espanholas têm exorcistas. Parece-me insuficiente. Atribuo isso ao fato de muitos sacerdotes não crerem nos exorcismos, o vejam como um instrumento desnecessário, ou pensam que a ação extraordinária do Maligno é escassa. Em minha opinião, não é tão escassa. O exorcismo é um ofício de caridade da Igreja (como a pastoral dos migrantes), e a Igreja tem que dar uma resposta a esta necessidade.
Porque se há casos…
Afirma-se que com a difusão universal do cristianismo o demônio viu seu poder diminuído. Todavia, hoje se dá um processo inverso: o que está acontecendo nos países outrora cristãos é uma proliferação de seitas e do secularismo. Por isso Bento XVI criou o Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização, exatamente em países de tradição cristã! As potências do mal estão avançando. Mas obviamente a resposta não se reduz aos exorcismos, consiste, sobretudo, na vida sobrenatural: a oração, os sacramentos…
Ele é só um instrumento, mas…
Sim, mas na Espanha há muito poucos exorcistas. Inclusive em uma diocese pequena, de cem mil habitantes, não haverá uma só pessoa que necessite desse serviço? Creio que este aspecto seja descuidado. Uma das finalidades da Nova Evangelização é promover formas e instrumentos adequados para realizá-la. E ela o é. E o foi para a primeira evangelização. Jesus Cristo envia os apóstolos para evangelizar com a autoridade “de expulsar os espíritos imundos”.
Os filmes de exorcismo ajudam a compreender sua natureza ou a deformam?
Os filmes podem servir para fazer constar esta ação que a Igreja realiza. O cinema tende a mostrar o mais espetacular, sim… mas o certo é que os exorcistas relatam levitações, e também o fazem os Santos Padres. Porém, mais que recordar a realidade do demônio para ter medo, estes filmes podem servir para nos recordar que existe um poder superior ao dos demônios: Jesus Cristo Ressuscitado, diante do qual tremem os espíritos malignos, e lhe obedecem. Diante Dele, não podem fazer nada.
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Nossa arquidiocese de Teresina precisa despertar para este serviço. Não adianta combater apenas o "mal social". Oremos para que nosso futuro arcebispo tenha uma visão mais ampliada para as questões espirituais, "pois não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) nos ares." (Ef 6,12)
ResponderExcluirPAX!
ResponderExcluirVejam que o padre disse que 29% de dioceses terem um exorcista é insuficiente. E o Brasil? Tem ao menos isso? O Brasil tem 241 dioceses. 10% seriam 24 exorcistas diocesanos oficiais. 30% seriam mais ou menos 72 exorcistas. Se houvesse pelo menos um em cada arquidiocese, seriam 41 exorcistas. Será que estamos perto disso?
Também achei interessante o padre dizer que a "pastoral" do exorcismo é tão importante quanto qualquer outra, por exemplo a dos migrantes.
Bem, Deus e o papa nos dêem um bom bispo. Que nós o mereçamos.