"Summorum Pontificum" no Seminário

Pax et bonum!

A matéria é de 2008..., mas o tema é importante e a leitura é recomendável. Trata-se de um bom trabalho que deveria estar presente em muitos outros lugares.
No tempo desta matéria a Santa Sé ainda não tinha falado sobre o assunto, digamos, de forma mais clara. Pois bem, na Instrução Universae Ecclesiae, de 30/04/2011, lemos no item 21:
"Aos Ordinários se pede que ofereçam ao clero a possibilidade de obter uma preparação adequada às celebrações na forma extraordinária, o que também vale para os Seminários, onde se deve prover à formação conveniente dos futuros sacerdotes com o estudo do latim e oferecer, se as exigências pastorais o sugerirem, a oportunidade de aprender a forma extraordinária do Rito".
Portanto, mais do que um empreendimento isolado, solitário ou arbitrário, introduzir e aplicar o Summorum Pontificum nos seminários e casas de formação é algo que segue fielmente o magistério da Igreja.

Nota: atualmente o Arcebispo da Arquidiocese de Filadélfia é D. Charles Chaput, sendo o Cardeal Justin Rigali o arcebispo emérito.

*****

Cardeal Rigali fala sobre introduzir os seminaristas ao Missal de 1962
Por Annamarie Adkins

Philadelphia, 14 de Março, 2008 (zenit.org). Desde que Bento XVI disse que a Missa celebrada de   acordo com o Missal Romano de 1962 promulgado pelo Bem-aventurado João XXIII deveria estar disponível para aqueles que a preferem, seminaristas deveriam ser ensinados a celebrá-la, diz o Cardeal Justin Rigali. 
O Papa esclareceu em sua carta apostólica "Summorum Pontificum" que há duas formas da liturgia no Rito Romano da Igreja Católica: ordinária e extraordinária. 
Para conhecer o que alguns bispos estão fazendo para implementar este documento nos seminários,   ZENIT conversou com o Cardeal Rigali, arcebispo de Philadelphia, sobre seus planos para introduzir os   seminaristas do St. Charles Borromeo Seminary à   forma extraordinária da Missa.
O Cardeal Rigali também sugeriu que padres ainda ativos no ministério deveriam familiarizar-se com o Missal de 1962.

Q: Que passos práticos estão sendo dados para incorporar "Summorum Pontificum" na vida e no   currículo do seminário? 
Cardeal Rigali: Primeiro haverá uma palestra sobre o "motu proprio", que elucida a teologia subjacente ao missal de 1962 de modo que os seminaristas tenham uma compreensão clara do "motu proprio" e da preocupação pastoral do Santo Padre quanto aos fiéis que têm um profundo amor pela liturgia Tridentina. Já que praticamente todos os seminaristas do St. Charles Borromeo Seminary cresceram participando da Missa conforme o "Novus Ordo" - Missal de Paulo VI - é importante oferecer uma exposição da Missa de acordo com o missal de 1962 - Missal do Bem-aventurado João XXIII. Ademais, o trabalho do curso do seminário sobre teologia, liturgia e história da Igreja cobrirá e explanará a iniciativa do Santo Padre. Isto   ajudá-los-á a ver a continuidade entre as duas expressões, mas também possibilitará a oportunidade de abordar as mudanças que tiveram lugar na liturgia seguindo o Concílio Vaticano II. Em algum momento no semestre da primavera, depois da palestra, a Santa Missa de acordo com a forma extraordinária será celebrada para toda a comunidade do St. Charles Borromeo Seminary. Isto demonstrará aos seminaristas a maneira corretamente litúrgica em que a forma extraordinária da Missa deve ser celebrada.

Q: O que no "Summorum Pontificum" levou o senhor a apoiar a incorporação deste documento na vida do St. Charles Borromeo Seminary? O senhor está prevendo uma maior demanda pela forma tradicional   da Missa no futuro? 
Cardeal Rigali: O Santo Padre indicou que a Missa de acordo com a forma extraordinária, bem como a   celebração dos sacramentos, deve estar disponível para os fiéis quando houver uma genuína necessidade pastoral. Vários membros de nosso clero nunca celebraram a Missa ou administraram os sacramentos conforme o missal de 1962 e os outros textos litúrgicos. A fim de prover as necessidades pastorais, quando aparecerem, os atuais seminaristas devem ter a oportunidade de ser adequadamente educados tanto para os rituais envolvidos como para a teologia que existe nestas formas. Atualmente eu não prevejo uma grande demanda pela celebração de acordo com a forma extraordinária da Missa. Na Arquidiocese de Philadelphia os pedidos que recebemos foram bem poucos. A maior parte dos católicos de hoje encontra satisfação espiritual na Missa como celebrada usando o Missal de Paulo VI, e ela permanece como forma ordinária da celebração. Dito isto, somos abençoados por ter duas paróquias, em diferentes áreas da arquidiocese, que celebram a Missa na forma extraordinária, que já ofereciam a Missa com o Missal Tridentino há algum tempo graças ao necessário indulto. Sou agradecido por estas paróquias proverem as necessidades pastorais e espirituais daqueles fiéis que preferem a forma extraordinária.  

Q: Alguns analistas do "Summorum Pontificum" têm dito que ele é primeiramente dirigido aos   sacerdotes, como um presente para eles. Qual é o ponto de vista do senhor? 
Cardeal Rigali: O "motu proprio" foi dado pelo Santo Padre para todos os católicos. Quanto aos sacerdotes, qualquer afirmação do Santo Padre sobre a liturgia ou qualquer mudança nas formas ou fórmulas litúrgicas dão aos sacerdotes a oportunidade de pensar e refletir sobre os mistérios que eles celebram na liturgia. Vários sacerdotes encontram nestas oportunidades um renovado senso de temor e apreciação pela liturgia e uma oportunidade de recomeçar a celebrar essas liturgia numa maneira mais   refletida, reverente e respeitosa. Neste sentido, "Summorum Pontificum" é um dom para todos os sacerdotes, porque encoraja-os, pela sagrada liturgia, a levar todo o povo para uma mais profunda comunhão de santidade com o Senhor.

Q: Os seminaristas estão no processo de formação, particularmente a formação litúrgica. Que efeito formativo o senhor acredita que terá nos seminaristas o aprender e celebrar a forma extraordinária da Missa? 
Cardeal Rigali: Estudar e aprender a Missa conforme o Missal de 1962 dará aos seminaristas a oportunidade de experimentar a continuidade entre as formas mais antigas e mais novas. Muito de nossa fé está fundamentado na continuidade e na tradição, na transmissão da fé de uma geração para a outra. Algumas vezes os rituais mudam e se desenvolvem, mas na essência permanecem os mesmos. Bento XVI afirmou em sua carta aos bispos, que acompanhava o "motu proprio": "Não existe qualquer contradição entre uma edição e outra do Missale Romanum. Na história da Liturgia, há crescimento e progresso, mas nenhuma ruptura. Aquilo que para as gerações anteriores era sagrado, permanece sagrado e grande também para nós, e não pode ser de improviso totalmente proibido ou mesmo prejudicial. Faz-nos bem a todos conservar as riquezas que foram crescendo na fé e na oração da Igreja, dando-lhes o justo lugar". O treinamento litúrgico que os seminaristas de St. Charles Borromeo recebem forma-os na reverência e na santidade, que por sua vez servirão aos fiéis a quem eles ministrarão quando forem ordenados.  

Q: Celebrar a Missa conforme o Missal do Bem-aventurado João XXIII afetará a maneira com que um sacerdote celebra a Missa segundo o "Novus Ordo"? 
Cardeal Rigali: Qualquer sacerdote que não está familiarizado com a forma extraordinária, ou que não celebrou mais há um certo tempo a liturgia de acordo com esta forma, provavelmente, e de forma muito natural, refletirá sobre a maneira com que ele celebra a Missa de acordo com o "Novus Ordo". Tal reflexão é positiva porque só pode levar a uma celebração mais reverente e digna da liturgia.

Q: O que os sacerdotes podem fazer para incorporar "Summorum Pontificum" em seu ministério sacerdotal?
Cardeal Rigali: St. Charles Borromeo Seminary está oferecendo um curso para sacerdotes que desejam ser educados e treinados quanto à celebração adequada da Missa conforme o Missal do Bem-aventurado João XXIII, para garantir a competência na língua latina e nas rubricas da forma extraordinária. Antes de empreender um experimento "practicum", a teologia por trás da liturgia e o "motu proprio" serão estudados. Tenho encorajado qualquer sacerdote, que possa desejar aprender a celebrar esta liturgia, a procurar as oportunidades educacionais a fim de que a liturgia possa ser celebrada de maneira orante e reverente.

Traduzido por Luís Augusto Rodrigues Domingues

Apêndice:

Página do St. Charles Borromeo Seminary: http://www.scs.edu/
Página da Arquidiocese de Filadélfia: http://archphila.org/

Comentários

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Moro em Teresina/Pi, tive a maravilhosa oportunidade de participar de duas Missas Tridentinas que foram feitas neste ano de 2017. Fiquei encantado com o nível de concentração e de doação como o sacerdote a preside. Depois que me tornei católico sempre quis participar desta Santa Missa, deste Tesouro da Igreja. Mas como em Teresina não a temos, então a assistia pelo youtube. Mas neste ano tive a felicidade de participar, pois veio um padre de fora do estado para celebrá-la aqui. Gostaria muito, mas muito mesmo, que em Teresina tivesse ao menos uma paróquia responsável por celebra-la. Pois percebi a quantidade de jovens que se faziam presentes, curiosos, desejosos e dispostos a entender, a participar deste mistério, o qual nos enche de fé e espiritualidade.

    DOMINVS VOBISCVM...

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