Como deve ficar o crucifixo num altar voltado para o povo?
Salve Maria!
É possível marcar o pontificado do Papa Bento XVI como um chamamento universal à reflexão sobre a Reforma Litúrgica pós-conciliar. Aqueles anos foram um período de redescoberta das características visíveis e invisíveis da tradição litúrgica ocidental, romana.
Pois bem, em termos mais práticos, tivemos o que se passou a chamar de "arranjo beneditino", que nada mais é do que a disposição normal, comum, secular, dos castiçais e do crucifixo sobre o altar, de forma linear e simétrica. Aqui o "beneditino" refere-se ao nome do Sumo Pontífice, que junto com o Mons. Guido Marini, cerimoniário, fez retornar este arranjo sobre o altar nas celebrações papais.
Ao adotarem isto, tendo o papa como exemplo, muitas pessoas (sobretudo presbíteros, cerimoniários, coroinhas), perguntaram-se como deveria ficar o crucifixo, se de costas para o povo ou para o celebrante. Esta dúvida, na verdade, nasce do questionamento acerca da necessidade e da função desta imagem de Jesus Crucificado sobre o altar.
Pois bem, no longínquo 1966 a Congregação para os Ritos respondeu a esta dúvida, surgida obviamente logo nos primeiros anos da recomendação de se construir altares separados da parede. Segue nossa tradução livre do latim.
Dúvida: Ainda se deve colocar a cruz sobre o altar voltado para o povo?
Resposta: Encontra-se certa dificuldade a partir das imagens propostas em Notitiae (2 [1966], 176)* para ilustrar as igrejas adaptadas para as novas exigências pastorais da liturgia, nas quais não aparece a cruz sobre o altar. Pelo contrário, diz-se em nota explicativa (p. 162): "Uma única cruz grande no meio da abside domina toda a assembleia litúrgica".
Ainda está em vigor a prescrição do Código de Rubricas (Codex Rubricarum), n. 527: "Sobre o altar, no meio, esteja uma Cruz suficientemente grande com o Crucificado". Esta cruz, de acordo com o Cerimonial dos Bispos (liv. I, c. 12, n. 11) (Caeremoniale Episcoporum) deve estar "com a imagem do Crucificado, voltada para o lado interior do altar"
Não obstante, o Rito a ser observado (Ritus Servandus) do ano de 1965 não mais prescreve ao sacerdote elevar os olhos para a cruz durante a celebração da Missa. Além disso, "a cruz e os castiçais, segundo juízo do Ordinário do lugar, também podem ser colocados fora dele [do altar]" (Instrução, n. 94).
Se o altar é colocado de frente para o povo, parece mais oportuno usar esta faculdade, para que, apenas por cumprimento da letra da lei, não haja uma cruz tão pequena que seja invisível ou uma que seja um impedimento para que os fiéis acompanhem bem o rito, sobretudo as elevações e o per ipsum ("Por Cristo").
Fora do altar há três possibilidades:
1. colocar a cruz processional na frente do altar, voltada para o celebrante, o que nem sempre entra bem em harmonia com outros elementos do presbitério;
2. haver uma cruz grande pendente do alto
3. ou colocada na parede da abside.
Nos últimos dois casos não é necessária uma outra cruz para o altar, mas basta a única cruz grande que, nas celebrações de frente para o povo, não é incensada em primeiro lugar, mas sim quando o sacerdote, circundando o altar, estando do outro lado, fica de frente para ela.
*: fiquei bastante curioso de encontrar essas ditas imagens publicadas no Notitiae. Caso alguém as encontre, favor enviar-nos.
Fonte: Notitiae 2 (1966), p. 290-291, n.101.
Pe. Edward McNamara, LC, de quem já traduzimos e publicamos algumas respostas sobre assuntos relacionados à Sagrada Liturgia, também respondeu a uma dúvida parecida em 2013. Sua resposta, cuja leitura recomendamos, foi publicada no site ZENIT.
Sobre a manutenção do uso do crucifixo no centro do altar ("arranjo beneditino"), há dois interessantes textos oficiais, um estudo de consultores e um aprofundamento, ambos do Departamento das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice.
O estudo pode ser lido em espanhol no site da Santa Sé, aqui. O aprofundamento pode ser lido em italiano no site da Santa Sé, aqui.
O estudo está traduzido e postado em português aqui: O crucifixo no centro do altar na Missa "de frente para o povo".
O aprofundamento está traduzido e postado em português aqui: O crucifixo no centro do altar.
Dúvida: Ainda se deve colocar a cruz sobre o altar voltado para o povo?
Resposta: Encontra-se certa dificuldade a partir das imagens propostas em Notitiae (2 [1966], 176)* para ilustrar as igrejas adaptadas para as novas exigências pastorais da liturgia, nas quais não aparece a cruz sobre o altar. Pelo contrário, diz-se em nota explicativa (p. 162): "Uma única cruz grande no meio da abside domina toda a assembleia litúrgica".
Ainda está em vigor a prescrição do Código de Rubricas (Codex Rubricarum), n. 527: "Sobre o altar, no meio, esteja uma Cruz suficientemente grande com o Crucificado". Esta cruz, de acordo com o Cerimonial dos Bispos (liv. I, c. 12, n. 11) (Caeremoniale Episcoporum) deve estar "com a imagem do Crucificado, voltada para o lado interior do altar"
Não obstante, o Rito a ser observado (Ritus Servandus) do ano de 1965 não mais prescreve ao sacerdote elevar os olhos para a cruz durante a celebração da Missa. Além disso, "a cruz e os castiçais, segundo juízo do Ordinário do lugar, também podem ser colocados fora dele [do altar]" (Instrução, n. 94).
Se o altar é colocado de frente para o povo, parece mais oportuno usar esta faculdade, para que, apenas por cumprimento da letra da lei, não haja uma cruz tão pequena que seja invisível ou uma que seja um impedimento para que os fiéis acompanhem bem o rito, sobretudo as elevações e o per ipsum ("Por Cristo").
Fora do altar há três possibilidades:
1. colocar a cruz processional na frente do altar, voltada para o celebrante, o que nem sempre entra bem em harmonia com outros elementos do presbitério;
2. haver uma cruz grande pendente do alto
3. ou colocada na parede da abside.
Nos últimos dois casos não é necessária uma outra cruz para o altar, mas basta a única cruz grande que, nas celebrações de frente para o povo, não é incensada em primeiro lugar, mas sim quando o sacerdote, circundando o altar, estando do outro lado, fica de frente para ela.
*: fiquei bastante curioso de encontrar essas ditas imagens publicadas no Notitiae. Caso alguém as encontre, favor enviar-nos.
Fonte: Notitiae 2 (1966), p. 290-291, n.101.
Pe. Edward McNamara, LC, de quem já traduzimos e publicamos algumas respostas sobre assuntos relacionados à Sagrada Liturgia, também respondeu a uma dúvida parecida em 2013. Sua resposta, cuja leitura recomendamos, foi publicada no site ZENIT.
Sobre a manutenção do uso do crucifixo no centro do altar ("arranjo beneditino"), há dois interessantes textos oficiais, um estudo de consultores e um aprofundamento, ambos do Departamento das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice.
O estudo pode ser lido em espanhol no site da Santa Sé, aqui. O aprofundamento pode ser lido em italiano no site da Santa Sé, aqui.
O estudo está traduzido e postado em português aqui: O crucifixo no centro do altar na Missa "de frente para o povo".
O aprofundamento está traduzido e postado em português aqui: O crucifixo no centro do altar.
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