Catequese sobre a Comunhão frequente, por São João Maria Vianney

Pax et bonum!

Como que complementando os dizeres do Santo em suas catequeses sobre a Sagrada Comunhão e sobre a Presença Real, segue nossa tradução de sua catequese sobre a Comunhão frequente.
Que seja de bom proveito para todos!

Meus filhos, todos os seres na criação precisam ser alimentados, para que possam viver; para este propósito Deus fez as árvores e as plantas crescerem; é uma mesa bem servida, para a qual os animais vêm e tomam o alimento que se adequa a cada um. Mas a alma também deve ser alimentada. Onde, então, está a sua comida? Meus irmãos, a comida da alma é Deus. Ah! Que belo pensamento! A alma não pode alimentar-se de nada além de Deus. Só Deus pode bastar para isto; só Deus pode enchê-la; só Deus pode saciar sua fome; ela absolutamente precisa do seu Deus! Em todas as casas há um lugar onde as provisões da família são mantidas; é a despensa. A igreja é a casa das almas; é a casa que pertence a nós, que somos cristãos. Bem, nesta casa há uma despensa. Vedes o tabernáculo? Se fosse perguntado às almas dos cristãos "O que é aquilo?", vossas almas responderiam "É a despensa". Não há nada tão grande, meus filhos, quanto a Eucaristia! Ponde todas as boas obras do mundo contra uma boa Comunhão; elas parecerão um grão de poeira ao lado de uma montanha. Fazei uma oração quando tiverdes o bom Deus no vosso coração; o bom Deus não poderá negar-vos nada, se lhe oferecerdes seu Filho, e os méritos de sua Santa Paixão e Morte. Meus filhos, se tivéssemos entendido o valor da Santa Comunhão, evitaríamos as mínimas faltas, a fim de podermos ter a felicidade de fazê-la mais frequentemente. Deveríamos manter nossas almas sempre puras aos olhos de Deus. Meus filhos, suponho que vos confessastes hoje, e que vigiareis sobre vós mesmos; vós estareis felizes pelo pensamento de que amanhã tereis a alegria de receberdes o bom Deus no vosso coração. Nem sereis capazes de ofender o bom Deus amanhã; vossas almas estarão todas embalsamadas com o precioso Sangue de nosso Senhor. Ó, que linda vida!
Ó, meus filhos, como será bela na eternidade a alma que digna e frequentemente recebeu o bom Deus! O Corpo de nosso Senhor brilhará através de nosso corpo, seu adorável Sangue através do nosso sangue; nossa alma estará unida à alma de nosso Senhor por toda a eternidade. Lá ela gozará a pura e perfeita felicidade. Meus filhos, quando a alma de um cristão que recebeu nosso Senhor entra no paraíso, ela aumenta a alegria do Céu. Os anjos e a Rainha dos anjos vêm ao encontro dela, porque eles reconhecem o Filho de Deus naquela alma. Então, será recompensada aquela alma, pelas dores e sacrifícios que suportou em sua vida na terra. Meus filhos, nós sabemos quando uma alma recebeu dignamente o Sacramento da Eucaristia. Ela fica tão submersa no amor, tão penetrada e mudada, que não mais é para ser reconhecida em suas palavras e ações... Ela agora é humilde, é gentil, é mortificada, é cheia de caridade e é modesta; ela está em paz com todos. É uma alma capaz dos maiores sacrifícios; resumindo, vós não a reconheceríeis.
Ide, pois, para a Comunhão, meus filhos; ide até Jesus com amor e confiança; ide e vivei com ele, a fim de viverdes por ele! Não digais que tendes muito o que fazer. Não disse o Divino Salvador, "Vinde a mim, todos vós que estais cansados a carregar pesado fardo, e eu vos aliviarei"? Podeis resistir a convite assim tão cheio de amor e ternura? Não digais que não sois dignos disto. É verdade, vós não sois dignos; mas sois necessitados. Se nosso Senhor tivesse levado em conta nossa situação de indignos, ele jamais teria instituído seu belo Sacramento de amor: pois ninguém no mundo é digno dele, nem os santos, nem os anjos, nem os arcanjos, nem a Santíssima Virgem; mas ele levou em conta as nossas necessidades, e todos temos necessidade dele. Não digais que sois pecadores, que sois miseráveis demais, e que por esta razão não ousareis aproximar-vos. Preferiria ouvir-vos dizer que estais muito doentes, e que por isso não tomareis medicamento algum e nem ireis ao médico.
Todas as orações da Missa são uma preparação para a Comunhão; e toda a vida de um cristão deve ser uma preparação para esta grande ação. Temos que trabalhar para merecermos receber nosso Senhor todo dia. Como nos devemos sentir humilhados ao vermos os outros indo até a mesa sagrada enquanto permanecemos imóveis em nosso lugar! Quão feliz é um anjo da guarda que conduz uma bela alma à mesa sagrada! Na igreja primitiva comungava-se todo dia. Quando os cristãos esfriaram, trocaram o Corpo de nosso Senhor por pão bento; era uma consolação, mas era uma humilhação também. Tratava-se realmente de um pão abençoado, mas não era o Corpo e o Sangue de nosso Senhor!
Há algumas pessoas que todo dia fazem uma comunhão espiritual com pão bento. Se estamos privados da Comunhão Sacramental, façamos no lugar dela, tanto quanto pudermos, a comunhão espiritual, que podemos fazer em todo momento; pois devemos ter sempre um desejo inflamado de receber o bom Deus. A Comunhão é para a alma como o sopro num fogo que está começando a se apagar, mas que ainda tem várias brasas acesas; nós sopramos e o fogo se reacende. Depois da recepção dos Sacramentos, quando sentirmos que estamos afrouxando no amor de Deus, recorramos imediatamente à comunhão espiritual. Quando não pudermos vir para a igreja, voltemos-nos para a direção do sacrário: uma parede não nos pode separar do bom Deus; rezemos cinco Pai-nossos e cinco Ave-Marias para fazer uma comunhão espiritual. Nós só podemos receber o bom Deus apenas uma vez por dia; uma alma inflamada de amor compensa isto pelo desejo de recebê-lo a todo momento. Ó, homem, como és grande! Alimentado com o Corpo e o Sangue de um Deus! Ó, que vida doce é esta vida de união com o bom Deus! É o Céu sobre a terra; não há mais problemas, não há mais cruzes! Quando tendes a felicidade de terdes recebido o bom Deus, sentis uma alegria, uma doçura no vosso coração por algum momento. As almas puras sentem-no sempre, e nesta união consiste sua força e sua felicidade.

Fonte: The Blessed Curé of Ars in his catechetical instructions, Chapter 13 - Catechism on Frequent Communion

Traduzido por Luís Augusto - membro da ARS

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