Catequese sobre a Sagrada Comunhão, por São João Maria Vianney



Para sustentar a alma na peregrinação da vida, Deus olhou para toda a criação e não encontrou nada que fosse digno disso. Ele então se voltou para si mesmo, e decidiu dar-se a si mesmo. Ó minh'alma, como tu és grande, visto que nada além de Deus te pode satisfazer!
O alimento da alma é o Corpo e o Sangue de Deus! Ó, alimento admirável! Se considerássemos isso, faria com que nos perdêssemos por toda a eternidade neste abismo de amor!
Quão felizes são as almas puras que tem a alegria de se unirem a Nosso Senhor pela Comunhão! Elas brilharão como belos diamantes no Céu, pois Deus será visto nelas.
Nosso Senhor disse "o que pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo dará". Nós nunca pensaríamos em pedir a Deus seu próprio Filho. Mas Deus fez o que o homem não poderia ter imaginado. O que o homem não pôde expressar, nem conceber, e o que ele não se atreveria a desejar, Deus em seu amor disse, concebeu e executou. Ousaríamos pedir a Deus que entregasse seu Filho à morte por nós, e que desse sua Carne para comer e seu Sangue para beber? (...)
Sem a Sagrada Eucaristia não haveria felicidade neste mundo; a vida seria insuportável. Quando recebemos a Sagrada Comunhão, recebemos nossa alegria e felicidade. O bom Deus, desejando dar-se a nós no Sacramento do seu amor, deu-nos um vasto e grande desejo, que só ele pode satisfazer. 
Na presença deste belo Sacramento, somos como uma pessoa morrendo de sede à margem de um rio - bastar-lhe-ia curvar a cabeça; como uma pessoa pobre, próxima a um grande tesouro - bastar-lhe-ia estender a mão. Aquele que comunga perde-se em Deus como uma gota d'água no oceano. Eles não podem mais se separar.
No Dia do Julgamento nós veremos a Carne de Nosso Senhor brilhar através dos corpos glorificados daqueles que o receberam dignamente na terra, como vemos ouro brilhar no cobre, ou prata no chumbo. Se nos perguntassem logo após comungarmos "O que estás levando para casa?" Deveríamos responder: "Estou levando o Céu". Um santo disse que somos portadores de Cristo. E é uma grande verdade; mas não temos fé suficiente. Nós não compreendemos nossa dignidade. Quando deixamos o Sagrado Banquete, somos tão felizes quanto os Sábios, se tivessem podido levar o Menino Jesus. (...) Se guardasses bem Nosso Senhor e de modo recolhido, após a Comunhão, sentirias longamente aquele fogo devorador que inspiraria teu coração com a inclinação para o bem e a repugnância ao mal. Quando temos o bom Deus no nosso coração, há de ser algo muito abrasador. O coração dos discípulos de Emaús ardia dentro deles simplesmente por ouvirem a sua voz.

Trechos de The Blessed Curé of Ars in his catechetical instructions, Chapter 12 - Catechism on the Communion.

Tradução por Luís Augusto - membro da ARS

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