"Olhando para o oriente", por D. James Douglas Conley

Olhando para o oriente

Bispo da Diocese de Lincoln
Estado de Nebraska, Estados Unidos da América

D. James Conley, celebrando Missa Pontifical Cantada
na Forma Extraordinária do Rito Romano
provavelmente em 2010, em Paróquia da Fraternidade Sacerdotal São Pedro na Diocese de Denver
Jesus Cristo retornará em glória para a terra.
Não sabemos quando ele retornará. Mas Cristo prometeu-nos que voltaria em glória, "como o relâmpago parte do oriente" para levar o plano redentor de Deus a seu pleno cumprimento.
Em 2009, D. Edward Slattery, de Tulsa, Oklahoma, escreveu que "a aurora da redenção já despontou, mas o sol - o próprio Cristo - ainda não se levantou no céu".
Na Igreja primitiva, os cristão esperavam que Cristo fosse voltar logo - em qualquer dia. Havia uma expectativa cheia de esperança. Eles eram vigilantes - eles olhavam para o céu, para o oriente, para esperar por Cristo. E porque eles não sabiam quando ele retornaria, eles proclamavam o Evangelho com urgência e entusiasmo, desejando trazer ao mundo a salvação antes que Cristo retornasse.
Agora já se passaram cerca de 2000 anos que Cristo subiu ao Céu. Ficou fácil esquecer que ele virá novamente para a terra. Ficou fácil esquecer que devemos estar esperando, devemos estar vigiando, devemos estar prontos.
No Tempo do Advento, assim como recordamos a Encarnação de Cristo no Natal, somos lembrados de estarmos preparados para a vinda de Cristo. No Evangelho do I Domingo do Advento deste ano, no dia 30 de novembro, Cristo diz a seus discípulos para "vigiarem".
“Não sabeis quando o dono da casa vem”, diz Jesus. “Não suceda que, vindo de repente, ele vos encontre dormindo”.
Recordamos que Cristo está vindo sempre que celebramos o Santo Sacrifício da Missa. Na Santa Missa somos feitos presentes ao sacrifício do Calvário e à alegria da glória de Cristo no Céu. Mas também recordamos que Cristo retornará, e lembramos de vigiar, de sermos vigilantes, de esperá-lo e de estarmos preparados.
A Missa é rica de simbolismo. As vestes do sacerdote lembram-nos da dignidade de Cristo Rei. Batemos em nosso peito, inclinamos nossas cabeças, dobramos nossos joelhos para recordar nossa condição de pecadores, a misericórdia de Deus e sua glória. Na Missa, a forma como ficamos de pé, sentamos e ajoelhamos recordam-nos o plano eterno de Deus para nós.
Desde tempos antigos, os cristão se voltavam para o oriente durante o Santo Sacrifício da Missa para recordar que deviam manter a vigilância por Cristo. Juntos, o sacerdote e o povo voltavam-se juntos para o oriente, esperando e vigiando por Cristo. Mesmo nas igrejas que não estavam construídas voltadas para o oriente, o sacerdote e o povo ficavam voltados juntos na Missa, olhando para o Cristo no crucifixo, sobre o altar, e no tabernáculo, para recordar a importância de estarem vigiando por seu retorno. O simbolismo do sacerdote e do povo voltados ad orientem - para o oriente - é um antigo lembrete para a vinda de Cristo.
Mais recentemente, tornou-se comum o sacerdote e o povo voltarem-se um para o outro durante o Santo Sacrifício da Missa. O sacerdote fica atrás do altar ao consagrar a Eucaristia, voltado para o povo. O povo vê a face do sacerdote quando ele reza, e ele vê as faces do povo. Estas posições podem ter importante simbolismo também. Elas podem lembrar-nos que somos uma comunidade - um corpo em Cristo. E podem lembrar-nos que a Eucaristia, no centro da assembleia, deveria estar também no centro de nossa famílias, de nossas vidas.
Mas o simbolismo de estar voltados juntos, e esperando por Cristo, é rico, consagrado pelo tempo e importante. Especialmente durante o Advento, ao esperarmos a vinda do Senhor, voltar-se juntos para o oriente - mesmo simbolicamente, voltando-se juntos para Cristo no altar e no crucifixo - é um poderoso testemunho para o iminente retorno de Cristo. Hoje, num tempo em que é fácil esquecer que Cristo está voltando - e fácil sermos complacentes em nossa vida espiritual e na obra da evangelização - precisamos de lembretes de que Cristo retornará.
Durante os Domingos do Advento, os sacerdotes na Catedral de Cristo Ressuscitado celebrarão a Missa ad orientem. Com o Povo de Deus, o sacerdote ficará voltado para o altar, e voltado para o crucifixo. Quando eu celebrar a Missa da meia-noite no Natal, celebrarei ad orientem também. Isto terá lugar em outras paróquias da Diocese de Lincoln também.
Na postura ad orientem na Missa, o sacerdote não estará de costas para o povo.  Ele estará com eles - entre eles e guiando-os - voltado para Cristo e aguardando seu retorno.
"Cuidado!", diz Jesus. "Ficai atentos, porque não sabeis quando chegará o momento". Não sabemos quando chegará o momento de Cristo retornar. Mas sabemos que devemos vigiar por ele. Que nós possamos "voltar-nos para o oriente", juntos, vigiando por Cristo no Santo Sacrifício da Missa e em nossas vidas.

Texto para o dia 21 de novembro na Bishop's Column (coluna do bispo) no site Southern Nebraska Register. Disponível em http://www.lincolndiocese.org/op-ed/bishop-s-column/3004-looking-to-the-east.

Tradução por Luís Augusto - membro da ARS

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