A Fé da Igreja no Mistério da Eucaristia (da Solene Profissão de Fé de São Paulo VI)

Salve Maria!


Hoje, quinta-feira depois da Solenidade Santíssima Trindade, ou segunda quinta-feira depois de Pentecostes, celebramos a Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, resumidamente chamada de "Corpus Christi" (do latim: Corpo de Cristo), mesmo nos calendários meramente civis.

Desde o ano passado a nossa manifestação pública de fé sofre o revés das restrições por causa da pandemia da COVID19.

Neste ano, o Governo do Estado do Piauí antecipou o feriado civil para o dia 30 de março, criando um "feriadão", naquela semana, na tentativa de diminuir a circulação de pessoas.

Hoje, dia em que, em tempos normais, teríamos procissões com pastores e fiéis tendo diante de si o Filho de Deus no Santíssimo Sacramento, honrado alegre e solenemente pelas ruas da cidade, muitos fiéis estão tendo sua jornada de trabalho normal (6 a 9 horas diárias de trabalho), alguns tendo que faltar o trabalho para conseguir participar da Santa Missa, mais por amor do que por dever, recordando que a solenidade de hoje é um dia de guarda, segundo o Código de Direito Canônico (cân. 1246 e 1247).

É possível que alguns, desmotivados, cansados, tentados pela preguiça ou confundidos pelo fato de ter sido antecipado o feriado civil, nem mesmo se deem ao esforço de ir à igreja no dia de hoje.

Participemos da Santa Missa, visitemos o Senhor, meditemos neste mistério, renovemos e professemos a nossa fé! E sobretudo para revigorar a fé neste mistério, transcrevemos aqui um trecho da Solene Profissão de Fé de São Paulo VI, que a fez 3 anos depois do Concílio Vaticano II, no encerramento do Ano da Fé, em 30/06/1968:

Cremos que a Missa, celebrada pelo sacerdote, que representa a pessoa de Cristo, em virtude do poder recebido no sacramento da Ordem, e oferecida por ele em nome de Cristo e dos membros do seu Corpo Místico, é realmente o Sacrifício do Calvário, que se torna sacramentalmente presente em nossos altares. Cremos que, como o Pão e o Vinho consagrados pelo Senhor, na última ceia, se converteram no seu Corpo e Sangue, que logo iam ser oferecidos por nós na Cruz; assim também o Pão e o Vinho consagrados pelo sacerdote se convertem no Corpo e Sangue de Cristo que assiste gloriosamente no céu. Cremos ainda que a misteriosa presença do Senhor, debaixo daquelas espécies que continuam aparecendo aos nossos sentidos do mesmo modo que antes, é uma presença verdadeira, real e substancial.

Neste sacramento, pois, Cristo não pode estar presente de outra maneira a não ser pela mudança de toda a substância do pão no seu Corpo, e pela mudança de toda a substância do vinho no seu Sangue, permanecendo apenas inalteradas as propriedades do pão e do vinho, que percebemos com os nossos sentidos. Esta mudança misteriosa é chamada pela Igreja com toda a exatidão e conveniência transubstanciação. Assim, qualquer interpretação de teólogos, buscando alguma inteligência deste mistério, para que concorde com a fé católica, deve colocar bem a salvo que na própria natureza das coisas, isto é, independentemente do nosso espírito, o pão e o vinho deixaram de existir depois da consagração, de sorte que o Corpo adorável e o Sangue do Senhor Jesus estão na verdade diante de nós, debaixo das espécies sacramentais do pão e do vinho, conforme o mesmo Senhor quis, para se dar a nós em alimento e para nos associar pela unidade do seu Corpo Místico. 

A única e indivisível existência de Cristo nosso Senhor, glorioso no céu, não se multiplica mas se torna presente pelo Sacramento, nos vários lugares da terra, onde o Sacrifício Eucarístico é celebrado. E depois da celebração do Sacrifício, a mesma existência permanece presente no Santíssimo Sacramento, o qual no sacrário do altar é como o coração vivo de nossas igrejas. Por isso estamos obrigados, por um dever certamente suavíssimo, a honrar e adorar, na Sagrada Hóstia que os nossos olhos veem, ao próprio Verbo Encarnado que eles não podem ver, e que, sem ter deixado o céu, se tornou presente diante de nós.

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