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Mostrando postagens de junho, 2011

"O Portão para a Eternidade" - parte 3/3

3. Sacrifício de Louvor e Redenção Tendo examinado o Rito Romano à luz da perspectiva humana, estamos bem cientes do fato de que outro ponto de vista é muito mais importante, se quisermos compreender a forma Clássica da Liturgia. A Sagrada Eucaristia é frequentemente chamada de Santo Sacrifício da Missa. Este título é mais apropriado como expressão do dogma da Igreja acerca da identidade entre o Sacrifício do Calvário e o Sacrifício do Altar. “A Eucaristia é primeiramente um Sacrifício”. Estas palavras de João Paulo II em seu documento Dominicæ coenæ resume a doutrina da Igreja repetida pelos Romanos Pontífices e pelos Concílios Ecumênicos ao longo da história. O Sacrifício da Cruz é o centro do plano da salvação. A raça humana sozinha não poderia cumprir o restabelecimento do equilíbrio Divino na criação, destruído pela orgulhosa desobediência. Este ato de reparação teve que ser realizado num ato misericordioso de auto-doação pelo Deus uno e trino, cuja segunda Pessoa tornou-se home

"O Portão para a Eternidade" - parte 2/3

II. Características essenciais do Rito Romano Clássico A descrição da atmosfera geral que desenvolveu o Rito Romano, e em que ele tem vivido desde então, é apenas parte de seu atrativo único. Se tantos têm pedido por liberdade para participar do Rito que a Igreja cunhou como expressão de sua própria essência, esta surpreendente demanda também está ligada às características do próprio Rito nos vários passos em que ele se desdobra diante do espectador. Nossa apresentação seria incompleta, se não discutíssemos no mínimo alguns dos elementos mais importantes mostrados na celebração do Santo Sacrifício da Missa de acordo com a venerável tradição da Igreja. a. Dois elementos exclusivos mas não essenciais Todavia, dissipemos logo no começo alguns equívocos notórios. Duas características normalmente associadas ao Rito do qual estamos falamos são essenciais, mas não são típicas apenas do Rito Romano Clássico, desde que são padrões da liturgia católica até hoje, pelo menos em teoria: a língua

"O Portão para a Eternidade" - parte 1/3

Pax et bonum! Depois de cerca de 4 meses finalmente concluí a tradução do belíssimo artigo The Gateway to Eternity - The Classical Roman Rite and its meaning for the Church , do Mons. Michael Schmitz, vigário geral e superior provincial para os EUA do Institute of Christ the King Sovereign Priest , uma Sociedade de Vida Apostólica de Direito Pontifício, fundada em Gabon, na África, e cuja casa mãe fica em Florença, na Itália.  Uma de suas metas é a santificação dos sacerdotes e possui certa índole missionária. Parte importante de seu carisma é a adoção exclusiva da Forma Extraordinária do Rito Romano para a vida litúrgica. Bem, não é que eu demore tanto, mas às vezes a tradução passa por longas pausas, devido a tantas coisas que têm prioridade no cotidiano. Eis a razão para os quatro meses. O artigo trata do significado da Forma Extraordinária do Rito Romano para a Igreja e beira ao poético, com um notável lirismo que encanta. Certamente pode haver alguma imprecisão (não sou profissi

Feliz missão!

Pax et bonum! Escutei há alguns minutos o canto final da Missa na Basílica de São Pedro. Dom Sérgio da Rocha, que foi arcebispo de Teresina, e Dom Pedro Brito, que foi bispo de São Raimundo Nonato, juntos com outros 39 arcebispos, receberam o pálio das mãos de Sua Santidade, o Papa Bento XVI. Também foi comemorado o 60º aniversário da Ordenação Sacerdotal do Santo Padre. Que Deus onipotente abençoe, guarde, conduza estes dois arcebispos que deixaram o Piauí e seguem, agora, um para Brasília-DF e o outro para Palmas-TO. Por Luís Augusto - membro da ARS

Um "Glória" português...

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Pax et bonum! Hoje à tarde recordei-me da c ampanha do Salvem a Liturgia pelo fim do "Glória Pirata" , título que também enquadra um texto, já usado com várias melodias, comumente chamado de "Glória da CNBB" (sic), que possui 5 estrofes ( Glória a Deus nos altos céus... Deus e Pai, nós vos louvamos... Senhor nosso Jesus Cristo... Vós que estais junto do Pai... Vós somente sois o santo... ). Procurando conhecer um pouco das composições dos irmãos lusitanos, encontrei um Glória. O texto altera a parte "e paz na terra aos homens de boa vontade" (seria o literal) ou "e paz na terra aos homens por ele amados" (texto do Missal do Brasil) e utiliza um refrão (o que vai contra a composição pura e original do Glória), mas tem uma melodia bela e é tocado em uníssono (exceto por este refrão), acompanhado por um órgão. Todo o resto da letra segue o Missal. É possível ver ainda o sacerdote de casula romana e o símbolo do canal TVI transmitindo "em dire

“O poder atrativo da beleza litúrgica”

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Entra-se na Igreja por duas portas: a porta da inteligência e a porta da beleza. A porta estreita... é a da inteligência; ela está aberta para  intelectuais e acadêmicos. A porta mais larga é a da beleza. Henri Charlier disse, na mesma linha, que "é necessário perder a  ilusão de que a verdade pode se  comunicar frutuosamente sem aquele esplendor que é da  mesma natureza que ela e que se chama beleza" (L'Art et  la Pensee). A  Igreja, em seu  insondável mistério como esposa de Cristo, o Kyrios da Glória,  tem necessidade de uma epifania  terrena (isto é, uma manifestação) acessível para todos: esta é a majestade de seus templos, o esplendor de sua liturgia e a doçura de seus cantos. Pegue um grupo de turistas japoneses visitando a Catedral de Notre Dame  em Paris. Eles  olham  para  a  altura  dos vitrais, a harmonia das proporções. Suponha que num dado momento, ministros sagrados paramentados com capas de veludo bordadas entram em procissão para as Vésperas solenes. Os

Cantando o Tempo Comum - Canto Gregoriano

Pax et bonum! Temos pela frente cerca de 22 semanas deste Tempo Comum ( "per annum" ) depois de Pentecostes. É um ótimo tempo para se exercitar com o povo o Canto Gregoriano. Os livros oficiais nos fornecem duas Missas que não são difíceis. De fato, as melodias mais longas e melismáticas são dos tempos e festas mais solenes. Pois bem, seguem os links do  Saint Antoine Daniel Gregorian Chant Ordinaries , cortesia de Corpus Christi Watershed Liturgical Ministries , para páginas com os cantos (partitura e mp3) para este tempo: - Missa XI - Orbis factor - In dominicis per annum (para os Domingos) - Missa XVI - In feriis per annum (para os dias de semana) Por Luís Augusto - membro da ARS

O Domingo da Trindade

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É o primeiro Domingo depois de Pentecostes, instituído para honrar a Santíssima Trindade. Na Igreja primitiva não havia nenhum Ofício ou dia designado para a Trindade Santa. Quando a heresia ariana estava se espalhando os Padres prepararam um Ofício com cânticos, responsórios, um Prefácio e hinos, a serem recitados aos domingos. No Sacramentário de São Gregório Magno (P.L., LXXVIII, 116) há orações e um Prefácio da Trindade. Os Micrólogos (P.L., CLI, 1020), escritos durante o pontificado de Gregório VII (Nilles, II, 460), chamam o Domingo depois de Pentecostes de um Dominica vacans, sem nenhum Ofício especial, mas acrescenta que em alguns lugares se recitava o Ofício da Santíssima Trindade composto pelo bispo Stephen de Liège (903-920). Por outros o Ofício era rezado no Domingo antes do Advento. Alexandre II (1061-1073), e não o III (Nilles, 1. c.), negou uma petição por uma festa especial argumentando que uma tal festa não era do costume da Igreja Romana que diariamente honrava a Tri

A Tiara papal ou Triregnum

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É a coroa papal, um rico acessório para a cabeça, ornado com pérolas e pedras preciosas, com a forma semelhante à de uma colmeia, encimada por uma pequena cruz, e circulada por três diademas reais. Por conta dos três diademas é às vezes chamada de triregnum . A tiara é um ornamento não-litúrgico, que, portanto, só é utilizado para ocasiões não-litúrgicas, procissões cerimoniais indo para ou voltando de uma igreja, procissões papais cerimoniais, tal como houve em determinadas ocasiões até Rome ser ocupada pelos piemonteses, e em atos solenes de jurisdição, como, por exemplo, decisões dogmáticas solenes. O papa, como os bispos, usa a mitra em funções litúrgicas pontificais. A tiara é mencionada pela primeira vez na "Vita" do Papa Constantino (708-715) contida no "Liber Pontificalis" . Ela aí é chamada de camelaucum e é mencionada no que se chama de "Constitutum Constantini" , a suposta Doação do Imperador Constantino, provavelmente inventada no séc. VIII.

D. Sérgio da Rocha é nomeado para Brasília

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Pax et bonum! Eu já tinha ouvido falar, por uma fonte, e tinha visto o nome de nosso arcebispo como "cotado", numa notícia de um site jornalístico. Mostra-se, agora, que é fato a nomeação de D. Sérgio da Rocha, arcebispo de Teresina, para Arcebispo de Brasília. A nós, fiéis da Arquidiocese de Teresina, cabe rezar. Crendo que não haverá uma renúncia ou semelhante (e confesso que não tenho conhecimento profundo das questões canônicas envolvidas), colocamos nas mãos de Deus a vida e o ministério daquele que será eleito para a Cátedra de Teresina. Deus abençoe D. Sérgio e as Arquidioceses de Brasília e Teresina. Por Luís Augusto - membro da ARS

O "Pequeno Ritual Romano" (latim/português)

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Pax et bonum! Conforme prometido, está disponibilizado no Gloria.TV uma versão digitalizada do PEQUENO RITUAL ROMANO latino português . O nome completo seria Collectio Rituum pro omnibus Brasiliæ Diœcesibus ad instar Appendicis Ritualis Romani a Sancta Sede approbata . Trata-se da primeira edição [parcial] do Ritual Romano contendo textos oficiais em português, segundo as permissões da Santa Sé. A aprovação e a publicação ocorreram em 1958. Para uma edição completa do Ritual Romano, bem como do Ritual de Sacramentos e Sacramentais (uma interessante edição, datada de 1965, não sendo, portanto, a edição exata a ser considerada como Forma Extraordinária do Rito Romano, dadas as alterações realizadas já como reformas a partir da Sacrosanctum Concilium), visitem a seguinte página:  http://www.saopiov.org/2008/12/livros-litrgicos-para-santa-missa.html Esta disponibilização só nos foi possível com a colaboração generosa de Marcos Rodrigo Maichaki, do Paraná, que preparou e nos enviou o a

A "Sequência de Ouro": Veni Sancte Spiritus

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É a Sequência para [a solenidade de] Pentecostes (a SEQVENTIA AVREA - "Sequência de Ouro"). É cantada na Missa desde Pentecostes até o sábado seguinte [na Forma Extraordinária] e é composta de dez estrofes da seguinte forma: Veni, Sancte Spiritus,  Et emitte cælitus  Lucis tuæ radium. Alguns hinologistas juntam em uma duas destas estrofes, sem dúvida para completar o esquema rítmico da terceira linha, como no caso de " Lauda Sion " [Sequência da Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo] e " Stabat Mater " [Sequência da Solenidade de Nossa Senhora das Dores]. A característica peculiar do " Veni Sancte Spiritus ", todavia, é a persistência, no decorrer hino, na mesma conclusão rítmica em 'ium'  em todas as estrofes, uma característica imitada na tradução de Dr. Neale (no "Manual de Orações de Baltimore"). Esta versão do hinologista anglicano só é menos popular que a do Ir. Caswall, que tanto é encontrada em hinários c