Como fazer a denudação do altar na Quinta-feira Santa (Forma Ordinária)

Pax et bonum!
Salve Maria!

Atualmente estamos numa situação peculiar, que cria obstáculos à participação dos fiéis nos Santos Mistérios, quer sacramentalmente, quer até mesmo presencialmente, dadas as restrições ao culto público. Todavia, os sacerdotes continuam celebrando o Santo Sacrifício da Missa e, em vários lugares, ainda com presença (embora fortemente reduzida) de fiéis, apenas para o exercício de ministérios importantes para o culto (coroinhas, cantores, por exemplo).

Recentemente um amigo pediu-me um "rito" para a denudação do altar na Quinta-feira Santa.
Já trouxemos ao blog informação relevante sobre o tema (recomendo que visitem a postagem), traduzindo mesmo as palavras do Missale Romanum e outros documentos, contemplando a Forma Extraordinária e a Forma Ordinária.
A denudação do altar pelo sacerdote e seus ministros, com o Salmo 21(22) se faz no mínimo desde o Missal de 1474 ao que parece. Até protestantes possuem cerimônias para este momento, de modo que é fácil encontrar exemplos de luteranos, anglicanos e episcopalianos no YouTube.
Como a Forma Ordinária não prevê um rito, uma cerimônia para isto, o que pessoalmente considero uma lacuna, há quem deseje utilizar-se da forma antiga para edificação dos fiéis e para maior decoro. 
Pois bem, para estas pessoas e situações, organizando a cerimônia numa espécie de "quase-rito", pessoalmente poderia propor o que segue abaixo, a juízo do sacerdote celebrante.
Todavia, em nome da fidelidade às Formas, seus livros e rubricas, se a Missa da Ceia do Senhor é celebrada na Forma Ordinária, é melhor não fazer nada [que pareça uma novidade ou mistura] ou adotar exatamente a denudação como consta na Forma Extraordinária, utilizando estola roxa cruzada (para o sacerdote) e o texto latino do Salmo como consta no Breviarium Romanum. Se é desejado realmente um momento especial de denudação do altar, para ter mais harmonia ritual, seria até conveniente que esta Missa fosse celebrada na Forma Extraordinária do Rito Romano.

Neste vídeo é possível ver a Missa da Ceia do Senhor celebrada com as cerimônias antes das reformas de 1955. O canal é da Capela Mater Ecclesiae, da Diocese de Canden, Nova Jersey, Estados Unidos da América. A denudação ocorre a partir de 02h00min13s de vídeo.

De coração desejamos a todos um Santo Tríduo Pascal.
E que Deus afaste de nós a atual pandemia e os males a ela relacionados, causados pelo vírus ou pelos homens.

Semana Santa
Sacro Tríduo Pascal

Denudação do Altar

Feito o translado do Santíssimo Sacramento após a Comunhão, na Missa da Ceia do Senhor, o sacerdote e demais ministros (diáconos, acólitos e coroinhas) retornam para o presbitério ou para a sacristia, onde o sacerdote e os diáconos retiram os paramentos brancos (véu umeral, casula, dalmática, estola) e vestem estola roxa.
Organiza-se uma procissão com coroinhas, acólitos, diáconos e o sacerdote no final, que segue em silêncio até diante do altar. Chegando ao altar todos o vão saudando com inclinação profunda e pondo-se de lado.
Um librífero apresenta ao sacerdote o Salmo 21(22). O sacerdote recita ou canta a antífona e o primeiro verso.
Os demais clérigos presentes ou o coro prosseguem com a recitação ou canto do Salmo enquanto é feita a denudação.
O sacerdote sobe ao altar com os diáconos ou dois acólitos ou coroinhas. São retirados livros, estantes, corporais, sanguíneos, relíquias, vasos de flores. Os castiçais são apagados e retirados. Todas essas coisas são entregues aos demais acólitos e coroinhas presentes, para que guardem nos devidos lugares.
As toalhas são dobradas, pelos que auxiliam o sacerdote, das extremidades laterais para o meio, quantas vezes for necessário até que a toalha dobrada fique de tamanho que o sacerdote possa comodamente entregar a um dos que o servem. Assim se faz com todas as toalhas do altar e dos altares laterais, se houver.
Terminada a denudação, todos voltam para a posição inicial diante do altar e o sacerdote repete a Antífona. Em seguida, todos fazem inclinação profunda e retornam em procissão, como no início, para a sacristia.

Em latim (texto da Nova Vulgata):

Ant. Divisérunt sibi vestiménta mea* et super vestem meam misérunt sortem.

Deus, Deus meus, quare me dereliquísti?*
Longe a salúte mea verba rugítus mei.
Deus meus, clamo per diem, et non exáudis,*
et nocte, et non est réquies mihi.

Tu autem sanctus es,*
qui hábitas in láudibus Israel.
In te speravérunt patres nostri,*
speravérunt et liberásti eos;
ad te clamavérunt et salvi facti sunt,*
in te speravérunt et non sunt confúsi.

Ego autem sum vermis et non homo,*
oppróbrium hóminum et abiéctio plebis.
Omnes vidéntes me derisérunt me;*
torquéntes lábia movérunt caput:
«Sperávit in Dómino: erípiat eum,*
salvum fáciat eum, quóniam vult eum».

Quóniam tu es qui extraxísti me de ventre,*
spes mea ad úbera matris meæ.
In te proiéctus sum ex útero,*
de ventre matris meæ Deus meus es tu.
Ne longe fias a me,†
quóniam tribulátio próxima est,*
quóniam non est qui ádiuvet.

Circumdedérunt me vítuli multi,*
tauri Basan obsedérunt me.
Aperuérunt super me os suum*
sicut leo rápiens et rúgiens.
Sicut aqua effúsus sum,*
et dissolúta sunt ómnia ossa mea.
Factum est cor meum tamquam cera*
liquéscens in médio ventris mei.
Aruit tamquam testa palátum meum,†
et lingua mea adhæsit fáucibus meis,*
et in púlverem mortis deduxísti me.

Quóniam circumdedérunt me canes multi,*
concílium malignántium obsédit me.
Fodérunt manus meas et pedes meos,*
et dinumerávi ómnia ossa mea.
Ipsi vero consideravérunt et inspexérunt me;†
divisérunt sibi vestiménta mea*
et super vestem meam misérunt sortem.

Tu autem, Dómine, ne elongáveris,*
fortitúdo mea, ad adiuvándum me festína.
Erue a frámea ánimam meam*
et de manu canis únicam meam.
Salva me ex ore leónis*
et a córnibus unicórnium humilitátem meam.
Narrábo nomen tuum frátribus meis,*
in médio ecclésiæ laudábo te.

Qui timétis Dóminum, laudáte eum,*
univérsum semen Iacob, glorificáte eum.
Métuat eum omne semen Israel,*
quóniam non sprevit
neque despéxit afflictiónem páuperis,
nec avértit fáciem suam ab eo*
et, cum clamáret ad eum, exaudívit.

Apud te laus mea in ecclésia magna;*
vota mea reddam in conspéctu timéntium eum.
Edent páuperes et saturabúntur,†
et laudábunt Dóminum, qui requírunt eum:*
«Vivant corda eórum in sæculum sæculi!».
Reminiscéntur et converténtur ad Dóminum
univérsi fines terræ,*
et adorábunt in conspéctu eius
univérsæ famíliæ géntium.

Quóniam Dómini est regnum,*
et ipse dominábitur géntium.
Ipsum solum adorábunt
omnes, qui dórmiunt in terra;*
in conspéctu eius prócident
omnes, qui descéndunt in púlverem.

Anima autem mea illi vivet,*
et semen meum sérviet ipsi.
Narrábitur de Dómino generatióni ventúræ,†
et annuntiábunt iustítiam eius
pópulo, qui nascétur:*
«Hæc fecit Dóminus!».

Ant. Divisérunt sibi vestiménta mea* et super vestem meam misérunt sortem.

Em português (texto da Liturgia das Horas em uso no Brasil):

Ant. Eles repartem entre si as minhas vestes e sorteiam entre si a minha túnica.

Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes? *
E ficais longe de meu grito e minha prece?
–3 Ó meu Deus, clamo de dia e não me ouvis, *
clamo de noite e para mim não há resposta!

–4 Vós, no entanto, sois o santo em vosso Templo, *
que habitais entre os louvores de Israel.
–5 Foi em vós que esperaram nossos pais; *
esperaram e vós mesmo os libertastes.
–6 Seu clamor subiu a vós e foram salvos; *
em vós confiaram e não foram enganados.

–7 Quanto a mim, eu sou um verme e não um homem; *
sou o opróbrio e o desprezo das nações.
–8 Riem de mim todos aqueles que me vêem, *
torcem os lábios e sacodem a cabeça:
–9 “Ao Senhor se confiou, ele o liberte *
e agora o salve, se é verdade que ele o ama!”

–10 Desde a minha concepção me conduzistes, *
e no seio maternal me agasalhastes.
–11 Desde quando vim à luz vos fui entregue; *
desde o ventre de minha mãe sois o meu Deus!
–12 Não fiqueis longe de mim, porque padeço; *
ficai perto, pois não há quem me socorra!

–13 Por touros numerosos fui cercado, *
e as feras de Basã me rodearam;
–14 escancararam contra mim as suas bocas, *
como leões devoradores a rugir.

–15 Eu me sinto como a água derramada, *
e meus ossos estão todos deslocados;
– como a cera se tornou meu coração, *
e dentro do meu peito se derrete.

=16 Minha garganta está igual ao barro seco, †
minha língua está colada ao céu da boca, *
e por vós fui conduzido ao pó da morte!
–17 Cães numerosos me rodeiam furiosos, *
e por um bando de malvados fui cercado.

– Transpassaram minhas mãos e os meus pés *
18 e eu posso contar todos os meus ossos.
= Eis que me olham e, ao ver-me, se deleitam! †
19 Eles repartem entre si as minhas vestes *
e sorteiam entre si a minha túnica.

–20 Vós, porém, ó meu Senhor, não fiqueis longe, *
ó minha força, vinde logo em meu socorro!
–21 Da espada libertai a minha alma, *
e das garras desses cães, a minha vida!

–22 Arrancai-me da goela do leão, *
e a mim tão pobre, desses touros que me atacam!
–23 Anunciarei o vosso nome a meus irmãos *
e no meio da assembléia hei de louvar-vos!

=24 Vós que temeis ao Senhor Deus, dai-lhe louvores; †
glorificai-o, descendentes de Jacó, *
e respeitai-o toda a raça de Israel!

–25 Porque Deus não desprezou nem rejeitou *
a miséria do que sofre sem amparo;
– não desviou do humilhado a sua face, *
mas o ouviu quando gritava por socorro.

–26 Sois meu louvor em meio à grande assembléia; *
cumpro meus votos ante aqueles que vos temem!
=27 Vossos pobres vão comer e saciar-se, †
e os que procuram o Senhor o louvarão; *
“Seus corações tenham a vida para sempre!”

–28 Lembrem-se disso os confins de toda a terra, *
para que voltem ao Senhor e se convertam,
– e se prostrem, adorando, diante dele, *
todos os povos e as famílias das nações.

–29 Pois ao Senhor é que pertence a realeza; *
ele domina sobre todas as nações.
–30 Somente a ele adorarão os poderosos, *
e os que voltam para o pó o louvarão.
– Para ele há de viver a minha alma, *
31 toda a minha descendência há de servi-lo;

– às futuras gerações anunciará *
32 o poder e a justiça do Senhor;
– ao povo novo que há de vir, ela dirá: *
“Eis a obra que o Senhor realizou!”

Ant. Eles repartem entre si as minhas vestes e sorteiam entre si a minha túnica.

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