Oportet credere

Pax et bonum!

Transcrevo uma série de três textos que foram publicados recentemente no Dies Domini (Folheto Litúrgico da Paróquia Nossa Senhora do Amparo). O impulso para que eu os escrevesse foi a ênfase no aspecto ou dimensão tripla do mistério eucarístico (ver Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis) dada no II Congresso Eucarístico Arquidiocesano (23~26/09/10).

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É PRECISO CRER

Com alegria concluímos no Domingo passado [26/09/10] o II Congresso Eucarístico Arquidiocesano. Lá nosso arcebispo enfatizou três aspectos do mistério eucarístico; aspectos estes de maneira muito bela explorados pela Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis, do Papa Bento XVI, publicada em 2007. São eles: CRER, CELEBRAR e VIVER.
Nesta edição do Dies Domini, e nas duas seguintes, nós vamos nos deter em cada um destes aspectos.
A Fé, dom gratuito de Deus e acessível a quantos a pedem humildemente, é uma virtude sobrenatural necessária para a salvação. O ato de fé é um ato humano, isto é, um ato da inteligência do homem que, sob decisão da vontade movida por Deus, dá livremente o seu assentimento à verdade divina” (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 28). Daqui entendemos que a fé vem do alto, mas que o ato de fé parte de baixo.
Muitos batizados correm o risco de entender a fé como uma sensação, um sentimento, uma emoção, e põem nessas coisas a base do seu “crer”, do seu “acreditar”.
Preveniu-nos o Senhor que não podemos edificar uma casa sobre a areia, e que assim age aquele que ouve sua palavra e não a põe em prática (cf. Mt 7,26). Eis um comportamento potencial de muitos que, deixando-se levar pelas emoções, circunstâncias ou disposições de momento, inventam sua “fé”, escolhem o que querem do único Depósito da Fé deixado pelos apóstolos à Igreja, e, muitas vezes, debandam para comunidades e confissões “alternativas”, ou meramente se fecham em sua devoção caseira, excluindo-se da comunhão e da unidade da Igreja de Cristo.
Após este II Congresso Eucarístico somos interpelados a viver pela fé! Mas não a fé inventada no inconstante coração do homem. Devemos viver pela fé “que da Igreja recebemos e sinceramente professamos, razão de nossa alegria, em Cristo nosso Senhor” (cf. Promessas do Batismo). Sobretudo devemos crer na presença real de Cristo sob as espécies eucarísticas do pão e do vinho, professando-a com vigor e convicção. Só assim será veraz em nossa vida o canto que resumidamente diz: “O Santo Sacramento é o próprio Cristo Jesus, que deve ser adorado e amado”. Sobre a misteriosa presença do Senhor na Eucaristia, aproveitaria ainda a bem-aventurança saída da boca do Mestre: “Felizes aqueles que crêem sem ter visto!” (Jo 20,29) e ecoada pelo Príncipe dos Apóstolos: “Este Jesus vós o amais, sem o terdes visto; credes nele, sem o verdes ainda, e isto é para vós a fonte de uma alegria inefável e gloriosa, porque vós estais certos de obter, como preço de vossa fé, a salvação de vossas almas” (1Pd 8,9).
Glória ao mesmo Cristo do Céu, da Virgem e do Sacrário!

Luís Augusto Rodrigues Domingues (publicado na edição nº 161, de 03/10/2010)

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