Comemoração de todos os fiéis defuntos, purgatório e paramentos pretos

Pax et bonum!

Hoje, dia 2 de novembro, celebramos a Commemoratio Omnium Fidelium Defunctorum (Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos), que deve ser compreendida junto à solenidade de ontem, no Calendário Romano Geral, e que no Brasil se celebrará ordinariamente no dia 6 próximo (domingo): a Sollemnitas Omnium Sanctorum (Solenidade de Todos os Santos).
Unidas estas duas celebrações proclamam de modo belo o dogma em que tanto dizemos crer: "Credo in... communionem sanctorum" (Creio... na comunhão dos santos).
Seguindo o Calendário Romano, no dia 1º voltamos o olhar para o céu, para a gloria Dei Patris (glória de Deus Pai), onde está também o Espírito Santo e aquele que é o Sanctus, Dominus, Altissimus (Santo, Senhor, Altíssimo): Jesus Cristo. Os santos daqui constituem a Igreja Triunfante, onde estão todos os que já vivem eternamente com a Santíssima Trindade, em visão beatífica, mas apenas em alma.
No dia 2, voltamos o olhar para o purgatório (de purgar, purificar). Lá estão os FIÉIS DEFUNTOS, para os quais muito desejamos requiem æternam (descanso eterno) e lux perpetua (luz perpétua), ou seja, rezamos para que Deus logo as purifique plenamente a fim de que passem para a glória e requiescant in pace (descansem em paz). Os santos daqui constituem a Igreja Padecente, onde estão todos os que temporariamente (por tempo desconhecido ou até a ressurreição da carne) são purificados na alma, para se desfazerem de toda pena devida pelos pecados cometidos.
A regra de ouro, aquela de não desejarmos para os outros o que não queremos para nós, o que também significa solicitude para com o próximo sobretudo em algo que desejamos para nós, é o que nos leva, pela santa caridade, a rezar, a oferecer sacrifícios, sobretudo o Santo Sacrifício, não ÀS ALMAS, mas PELAS ALMAS.
É bom recordar que entre TODOS e DEFUNTOS existe a palavra FIÉIS. Neste dia não estamos rezando pelos condenados, nem querendo tirar do inferno os que lá padecem e padecerão para sempre. Esta acusação injusta e absurdamente infundada fazem-no alguns protestantes.
Pelos textos das Orações Eucarísticas do Rito Romano entendemos esta realidade:

Cânon Romano:
Meménto étiam, Dómine, famulórum famulárumque tuárum N. et N., qui nos præcessérunt cum signo fídei, et dórmiunt in somno pacis. Ipsis, Dómine, et ómnibus in Christo quiescéntibus, locum refrigérii, lucis et pacis, ut indúlgeas, deprecámur. Per Christum Dóminum nostrum. Amen.
(Lembrai-vos também, Senhor, dos vossos servos e servas, que nos precederam com o sinal da fé e que dormem o sono da paz. A eles, Senhor, e a todos os que descansam em Cristo, pedimos que concedais um lugar de refrigério, luz e paz. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.)

Oração Eucarística II:
Meménto étiam fratrum nostrórum, qui in spe resurrectiónis dormiérunt, omniúmque in tua miseratióne defunctórum, et eos in lumen vultus tui admítte.
(Lembrai-vos também dos nossos irmãos, que dormiram na esperança da ressurreição, e de todos os falecidos na vossa misericórdia, e admiti-os na luz da vossa face.)

Oração Eucarística III
Fratres nostros defúnctos et omnes qui, tibi placéntes, ex hoc sǽculo transiérunt, in regnum tuum benígnus admítte, ubi fore sperámus, ut simul glória tua perénniter satiémur, per Christum Dóminum nostrum, per quem mundo bona cuncta largíris.
(Os nossos irmãos defuntos e todos os que, tendo-vos sido agradáveis, passaram deste mundo, acolhei benigno no vosso reino, do qual às portas esperamos, para que sejamos também saciados perenemente da vossa glória, por Cristo, nosso Senhor, por quem dais ao mundo todos os bens.)

Oração Eucarística IV
Meménto étiam illórum, qui obiérunt in pace Christi tui, et ómnium defunctórum, quorum fidem tu solus cognovísti.
(Lembrai-vos também daqueles, que morreram na paz do vosso Cristo, e de todos os defuntos, cuja fé só vós conhecestes.)


***

Para algo mais acerca do purgatório, pode-se ler uma catequese de João Paulo II, da audiência de 04/08/1999.

***

Por fim, fotografias de paramentos pretos aos quais tive acesso. O novo movimento litúrgico deseja restaurar o uso desta cor que infelizmente tem caído em desuso. O preto e o roxo sempre podem ser usados em Missas para os fiéis defuntos na Forma Ordinária do Rito Romano (cf. Inst. Gener. Miss. Rom. [2002], 346). Na Forma Extraordinária o preto é usado sempre para estas ocasiões (cf. Rubr. Gener. [1962], 132).



 Estola e casula do Pe. Aristides Andrade Sales (1921-1999), em Museu homônimo, em Itarema-CE.





 

Casula que encontrei na sacristia da Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Demerval Lobão-PI.

Único véu de cálice existente na sacristia da Igreja de Nossa Senhora do Amparo, Matriz de Teresina-PI.

Por Luís Augusto - membro da ARS

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