Por uma liturgia mais significativa... mas como?

Et verbum caro factum est!

ROMA, 12 de MAIO de 2009 (Zenit.org).- Pergunta respondida pelo Pe. Edward McNamara, Legionário de Cristo, professor de liturgia no Ateneu Regina Apostolorum.


Pergunta: Atualmente parece haver uma mudança do espírito da liturgia para uma performance ritualística e mecânica. Sendo a nossa liturgia totalmente seca, muitos Católicos em várias partes da Índia estão indo para igrejas protestantes onde o culto é espontâneo, significativo e dá-lhes um senso de envolvimento e satisfação. Algumas das perguntas feitas para o senhor, bem como as respostas dadas, parecem não ser atraentes para a alma. Não deveríamos pensar em promover uma liturgia significativa à luz da cultura local e de suas necessidades? -- P.J., Dindigul, Índia

Resposta: Nós vez ou outra recebemos perguntas deste tipo, que tocam em assuntos fundamentais, relativos ao propósito e à natureza da liturgia.
No decorrer dos anos, esta coluna [do Zenit] tem versado sobre vários pontos da liturgia, alguns dos quais são realmente técnicos e até cansativos. Mas eu sempre me esforço por dar aos meus leitores o benefício da dúvida e presumo que seus questionamentos partem de um sincero desejo de celebrar a Liturgia segundo a mente e o coração da Igreja.
Não creio que resulta que uma celebração correta da liturgia seja, por isto mesmo, um ritual mecânico e sem alma. E nem uma atitude arrogante frente às rubricas seria uma prova inevitável de cristianismo autêntico. Pode haver boa-fé e hipocrisia em ambas atitudes, mas estas são falhas de seres humanos individualmente, que não tocam o âmago da questão.
Eu defendo fortemente a fidelidade às normas litúrgicas, porque eu creio que os fiéis têm o direito de poder participar de uma liturgia católica reconhecível, uma liturgia que flui do próprio Cristo e que é parte da grande torrente da comunhão dos santos.
Não duvidando da sinceridade do meu correspondente, tenho que levantar uma exceção ao seu modo de caracterizar o culto protestante no que diz respeito à liturgia Católica. Acredito que estamos diante de uma questão muito mais profunda do que as formas exteriores. O ponto crucial do problema não é que nossos irmãos separados tenham performances mais entusiasmantes, mas que temos falhado em ensinar aos fiéis a doutrina católica básica sobre a Missa e a Eucaristia.
Qualquer católico que tenha uma noção mínima do que seja participar da Missa - estar presente à Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor; ser capaz de unir suas orações, apresentadas ao Pai, ao supremo sacrifício de Cristo; ter a possibilidade de partilhar o Pão que desce do Céu - como poderia até mesmo comparar este privilégio a qualquer reunião protestante, ainda que se tenha que admitir que possam ter uma música melhor ou uma pregação mais capacitada?
Ao mesmo tempo, a liturgia da Igreja é ainda dotada de flexibilidade e de uma riqueza que podem prontamente responder às características locais, como for determinado pela conferência nacional dos bispos. Além do problema essencial da falta de formação litúrgica está a questão do abandono ou negligência no uso de vários tesouros, tanto antigos como novos, que podem transformar nossas liturgias em belas e profundas experiências espirituais.
Quando todas as possibilidades de uma genuína liturgia católica são utilizadas, a celebração não se torna menos participativa, espontânea e significativa que qualquer culto não-católico. A diferença é que na liturgia, como nos esportes, espontaneidade autêntica, participação e criatividade são encontradas dentro das regras e não fora delas.
Fora da liturgia, o Catolicismo possui uma superabundância de formas de oração e associação, desde as confrarias e sodalícios históricos aos modernos grupos de oração carismáticos e movimentos eclesiais. Creio que estas múltiplas expressões podem satisfazer qualquer forma de sensibilidade espiritual e desejo por envolvimento muito melhor que qualquer grupo particular de protestantes.
No mais, se alguns de nossos fiéis católicos estão migrando para grupos protestantes, não acho que deveríamos culpar a liturgia, mas sim redobrar nossos esforços para celebrá-la adequadamente e para proclamar a verdade do grande mistério da fé.

Traduzido por Luís Augusto - membro da ARS

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