Preces públicas a fazer quando uma igreja tiver sido violada (Cerimonial dos Bispos)

Pax et bonum!

Por ocasião de um roubo a uma igreja da zona sul de Teresina-PI (Igreja de Nossa Senhora Aparecida, no bairro Três Andares), ontem (26/07), em que os vândalos arrancaram o tabernáculo da parede e deixaram o Santíssimo Sacramento no chão, estamos postando o capítulo do Cerimonial dos Bispos referente às preces públicas que se devem fazer quando uma igreja for violada.
Rezemos em desagravo da ímpia profanação.

CERIMONIAL DOS BISPOS
CAPÍTULO XX 
PRECES PÚBLICAS A FAZER QUANDO UMA IGREJA TIVER SIDO VIOLADA 

INTRODUÇÃO

1070. Os delitos cometidos numa igreja atingem e prejudicam em certa medida toda a comunidade dos irmãos que crêem em Cristo, dos quais o edifício sagrado é sinal e imagem. 
Devem considerar-se tais, não só os crimes e delitos que constituem ofensa grave aos sagrados mistérios, mormente às espécies eucarísticas, e se cometem em desprezo da Igreja, mas também os que ofendem gravemente a dignidade do homem e da sociedade humana. 
A Igreja é violada com ações gravemente injuriosas, nela praticadas com escândalo dos fiéis, e, de tal modo graves e contrárias à santidade do lugar, que, a juízo do Ordinário do lugar, não é lícito exercer nela o culto, enquanto a injúria não for reparada por meio de rito penitencial. 

1071. A injúria feita à igreja deve ser reparada quanto antes mediante rito penitencial. Enquanto não se efetuar este rito, não se pode celebrar nela a Eucaristia nem quaisquer outros sacramentos ou ritos litúrgicos. 
Entretanto, através da pregação da Palavra de Deus e exercícios de piedade, convém preparar os fiéis para o rito penitencial, e, mais do que isso, renová-los interiormente por meio da celebração do sacramento da Penitência. 
Em sinal de penitência, o altar deve estar despido, removendo dele todos os sinais que habitualmente exprimem júbilo e alegria: luzes acesas, flores e outras coisas do gênero. 

1072. Convém que o rito penitencial seja presidido pelo Bispo da diocese, para mostrar que não é só a comunidade local, mas toda a Igreja da diocese, que se associa ao rito e está disposta à conversão e à penitência. 
Conforme os casos, o Bispo, juntamente com o reitor da igreja da comunidade local, determinará se deve haver celebração do Sacrifício eucarístico ou celebração da Palavra de Deus. 

1073. O rito penitencial pode celebrar-se num dia qualquer, exceto no Tríduo pascal e nos domingos e solenidades. Nada obsta, porém, e até pode convir, para não prejudicar espiritualmente os fiéis, que o rito penitencial seja celebrado na véspera de domingo ou solenidades. 

1074. Para a celebração do rito penitencial, preparar-se-á: 
a) Ritual Romano, Lecionário; 
b) caldeirinha da água benta com o aspersório; 
c) turíbulo com a naveta do incenso e colher; 
d) cruz processional e tochas para os ministros; 
e) toalhas, velas e as demais coisas necessárias para ornamentação do altar; 
f) tudo o que se requer para a celebração da Missa, no caso de se celebrar. 
No rito penitencial, usam-se paramentos roxos ou de cor penitencial, segundo os costumes locais, salvo se for celebrada Missa que exija paramentos doutra cor. 
Preparar-se-á:
- para o Bispo: alva, cruz peitoral, estola, pluvial ou casula, mitra, báculo pastoral; 
- para os concelebrantes: paramentos para a Missa; 
- para os diáconos: alvas, estolas e, eventualmente, dalmáticas; 
- para os restantes ministros: alvas ou outras vestes devidamente aprovadas. 

I.RITO PENITENCIAL COM CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA

1075. O rito mais apropriado para reparar a violação feita à igreja é aquele em que a ação penitencial se combina adequadamente com a celebração da Eucaristia. Assim como a nova igreja é dedicada sobretudo desta maneira, é bom que a igreja violada seja igualmente reintegrada da mesma forma. 

1076. Em razão da comunhão que une os sacerdotes ao Bispo na celebração do rito penitencial, convém que o Bispo concelebre a Missa com os presbíteros presentes, sobretudo com aqueles que exercem o múnus pastoral na igreja que foi profanada. 

1077. Os textos próprios requeridos para a celebração da Missa vêm indicados no lugar respectivo do Ritual. 
Contudo, pode-se celebrar a Missa que se considere mais adequada para reparar a violação feita, por ex.: Missa da Santíssima Eucaristia, quando tiver sido gravemente profanado o Santíssimo Sacramento, ou então a Missa para fomentar a concórdia, caso, no próprio edifício da igreja, tiver acontecido grave rixa entre os irmãos da comunidade. 

ENTRADA NA IGREJA

1078. Conforme as circunstâncias o aconselhem, a concentração do povo e a entrada na igreja podem-se realizar de uma das duas formas a seguir descritas. 

Primeira forma: 

Procissão

1079. À hora marcada, o povo concentra-se numa igreja vizinha ou noutro local adequado, donde se possa convenientemente organizar a procissão, precedida do cruciferário, em direção à igreja cuja violação vai ser reparada. O Bispo, de mitra e báculo, os presbíteros concelebrantes, diáconos e ministros, revestidos cada qual com as suas vestes, dirigem-se para o local onde está reunido o povo. O Bispo depõe o báculo e a mitra, e saúda o povo. 

1080. Depois, o Bispo com monição apropriada, prepara o espírito dos fiéis para a celebração. Em seguida, convida-os a orar; e, após breve oração em silêncio, recita a coleta. 

1081. Nesta altura, se for oportuno, o diácono diz: Prossigamos em paz, e a procissão dirige-se ordenadamente para a igreja a ser reparada. 
À frente, o cruciferário entre dois acólitos com castiçais de velas acesas; seguem-se os ministros, os presbíteros concelebrantes, o Bispo, de mitra e báculo, acompanhado dos diáconos, e por fim os fiéis. 
No decurso da procissão, canta-se, como de costume, a ladainha dos Santos, na qual se inserem, no lugar próprio, as invocações do Padroeiro do lugar e do Titular da igreja que vai ser reparada. Antes da invocação: Jesus, Filho do Deus vivo, inserem-se uma invocação relacionada com o rito a celebrar; e podem-se acrescentar outras correspondentes às necessidades da comunidade. 

1082. Depois de entrar na igreja, o Bispo, omitida a inclinação ao altar, dirige-se para a sede; os concelebrantes, diáconos e ministros vão para os lugares que lhes estão destinados no presbitério. Depois, o Bispo depõe o báculo e a mitra, benze a água e faz a aspersão, como adiante se descreve nos nn. 1085-1086. 

Segunda forma: 

Entrada

1083. Se não puder haver ou não for oportuno a procissão, os fiéis reúnem-se na igreja. O Bispo, de mitra e báculo, os presbíteros concelebrantes, os diáconos e os ministros, revestidos com suas vestes próprias, precedidos do cruciferário entre dois ministros com tochas, dirigem-se da sacristia para o presbitério, atravessando a nave da igreja. 
Enquanto isso, canta-se uma antífona com o Salmo 129, ou outro canto apropriado. 

1084. Chegada a procissão ao presbitério, os ministros, diáconos e presbíteros concelebrantes dirigem-se para os lugares a eles destinados. O Bispo, omitida a reverência ao altar, dirige-se para a sede. Depõe o báculo e a mitra e saúda o povo. 

BÊNÇÃO E ASPERSÃO DA ÁGUA

1085. Terminado o rito da entrada, o Bispo benze a água para aspergir o povo em memória do batismo, em sinal de penitência, e para a aspersão do altar e das paredes da igreja violada. Os ministros apresentam ao Bispo, que está de pé junto da sede um recipiente com água. O Bispo convida todos a orar, e, após breve prece em silêncio, recita a oração da bênção. 

1086. Recitada a invocação sobre a água, o Bispo, acompanhado dos diáconos, asperge o altar com a água benta e, se quiser, vai pela nave da igreja, aspergindo o povo e as paredes. Enquanto isso, canta-se uma antífona. 

1087. Terminada a aspersão, o Bispo volta para a sede. Em seguida, de mãos juntas, convida a orar; e após breve oração em silêncio, de mãos estendidas, recita a coleta. 

LITURGIA DA PALAVRA

1088. Na liturgia da Palavra, as leituras, salmo responsorial e versículo antes do Evangelho tomam-se do Lecionário da “Missa pela remissão dos pecados”, a não ser que, atentas as circunstâncias, outras leituras pareçam mais indicadas. Lido o Evangelho, o Bispo, como de costume, senta-se na sede, de báculo e mitra, salvo se não lhe parecer melhor doutro modo, e profere a homilia. Comentando as leituras bíblicas, fala da dignidade restituída ao templo e bem assim da santidade da Igreja local, que sempre deve crescer. 

1089. Se no início da celebração se tiver cantado a ladainha dos Santos, omite-se a oração universal. Do contrário, convém rezar uma oração universal na qual às súplicas habituais se junte uma prece insistente pedindo a conversão e o perdão, segundo os esquemas propostos pelo Ritual Romano. 

LITURGIA EUCARÍSTICA

1090. Terminada a oração dos fiéis, o Bispo recebe a mitra e senta-se. O diácono e os ministros cobrem o altar com a toalha e, eventualmente, enfeitam-no com flores; dispõem convenientemente os castiçais com as velas requeridas para a celebração da Missa, e se for o caso, a cruz. 
Preparado o altar, alguns fiéis apresentam o pão, o vinho e a água para a celebração da Eucaristia. O Bispo recebe as oferendas na sede. Durante a apresentação das oferendas, pode-se cantar uma antífona ou outro canto apropriado. 
Quando tudo estiver preparado, o Bispo depõe a mitra, dirige-se para o altar e beija-o. A Missa prossegue como de costume. Dita a oração de coração contrito e humilde, incensam-se as oferendas e o altar. 
Segue-se a oração sobre as oferendas.

1091. Onde tiver acontecido grave ofensa das espécies eucarísticas, omitidos os ritos de conclusão, segue-se, conforme as conveniências, a exposição e bênção do Santíssimo, como vem indicado adiante, no n. 1105. 
Para a bênção final, que se dá como de costume, o Bispo pode utilizar uma das fórmulas da bênção solene. O diácono despede o povo como de costume. 

II.RITO PENITENCIAL COM CELEBRAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS

1092. No caso de haver somente uma celebração da Palavra de Deus, faz-se tudo como ficou indicado acima, nos nn. 1079-1089. 
A seguir implora-se a misericórdia de Deus com a súplica proposta pelo Ritual ou com outra súplica adequada de sentido penitencial. Depois, os ministros ou os fiéis estendem a toalha sobre o altar e enfeitam-no eventualmente com flores, enquanto se ilumina festivamente a igreja. O Bispo aproxima-se do altar, beija-o e incensa-o. Terminada a incensação, de pé, junto ao altar, dirige uma monição adequada, de introdução à oração dominical, e todos a cantam ao mesmo tempo. Em seguida, o Bispo diz uma oração apropriada, indicadas no Ritual. O povo é abençoado e despedido como de costume.

Fonte: Cerimonial dos Bispos

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