O Tempo da Paixão

Trata-se das duas últimas semanas entre o Domingo da Paixão (V da Quaresma) e a Páscoa. A última semana é a Semana Santa, enquanto a primeira é chamada entre os latinos de "Hebdomas Passionis" (Semana da Paixão), e pelos gregos de "Semana das Palmas" (palmas = ramos, do Domingo seguinte). Durante este tempo os monges do Oriente, que tinham escolhido o deserto para um modo de vida mais severo, retornavam para seus mosteiros (Cirilo de Citópolis em "Vida de Santo Eutímio", n. 11). As rubricas do Missal Romano, do Breviário e do "Cæremoniale Episcoporum" para este tempo são: antes das Vésperas do Sábado que precede o Domingo da Paixão, cruzes, estátuas e pinturas de Nosso Senhor e dos santos, no altar e no corpo da Igreja, excetuando-se apenas as cruzes e pinturas da Via Sacra, deve ser cobertas com um véu roxo, não transparente, e sem adornos. As cruzes permanecem cobertas até depois da solene denudação do crucifixo principal na Sexta-feira Santa. As estátuas e pinturas mantém a sua coberta, não importa se ocorrer alguma festa, até o Gloria in Excelsis do Sábado Santo. De acordo com uma resposta da Sagrada Congregação dos Ritos, de 14 de maio de 1878, deve-se tolerar a prática de manter uma estátua de São José, se for fora do santuário, descoberta durante o mês de março, que é dedicado à sua honra, mesmo durante o Tempo da Paixão. Nas Missas de tempore o Salmo Iudica não é rezado; o Gloria Patri é omitido no Asperges, no Introito e no Lavabo; apenas duas orações são rezadas e o Prefácio é o da Santa Cruz. Nos ofícios de domingo e dos dias de semana, no Breviário, a doxologia é omitida no Invitatorium e nos responsórios, quer sejam curtos ou longos. As cruzes são veladas porque Cristo não mais andou abertamente entre o povo, mas esteve oculto. Por isso, na capela papal, o velamento originalmente tinha lugar às palavras do Evangelho: "Iesus autem abscondebat se" (Jesus, porém, se escondia). Outra razão, adicionada por Durandus, é que a divindade de Cristo escondeu-se quando ele chegou ao tempo de seu sofrimento e morte. As imagens dos santos também são cobertas porque pareceria impróprio os servos aparecerem quando o próprio Mestre está escondido (Nilles, "Kal.", II, 188).

Em alguns lugares as cruzes eram cobertas na Quarta-feira de Cinzas; em outros, no I Domingo da Quaresma. Na Inglaterra era costumeiro, na primeira segunda-feira da Quaresma, cobrir todos os crucifixos, imagens de todo tipo, relicários e até onde se guarda o Santíssimo Sacramento. Os panos usados eram de linho ou seda branca e marcado com uma cruz vermelha (Rock, infra, IV, 258). Os dois belos hinos deste tempo, "Vexilla Regis" e "Pange lingua gloriosi", são obra de Venâncio Fortunato, Bispo de Poitiers. Na sexta-feira da Semana da Paixão, a Igreja honra muito adequadamente as Sete Dores de Nossa Senhora. No sábado os Gregos comemoram a ressurreição de Lázaro.

Fonte: Mershman, Francis. "Passiontide." The Catholic Encyclopedia. Vol. 11. New York: Robert Appleton Company, 1911. <http://www.newadvent.org/cathen/11535b.htm>.

Tradução por Luís Augusto - membro da ARS

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