Catequese sobre o Espírito Santo, por São João Maria Vianney



Ó, meus filhos, como é belo! O Pai é nosso Criador, o Filho é nosso Redentor e o Espírito Santo é nosso Guia... O homem por si só não é nada, mas com o Espírito Santo ele é grandioso. O homem é todo terreno e animal; nada além do Espírito Santo pode elevar sua mente às alturas.
Por que os santos foram tão desapegados das coisas terrenas? Porque eles se deixaram guiar pelo Espírito Santo. (...)
O Espírito Santo é luz e força. Ele nos ensina a distinguir entre a verdade e a mentira, entre o bem e o mal. Como lentes que aumentam os objetos, o Espírito Santo nos mostra o que é bom e o que é mau em tamanho grande. Com o Espírito Santo vemos tudo em suas verdadeiras proporções; vemos a grandeza das menores ações feitas por Deus, e a grandeza das menores faltas. (...) Assim, as menores imperfeições parecem-nos muito grandes, os menores pecados inspiram-nos horror. Esta é a razão por que a Santíssima Virgem nunca pecou. O Espírito Santo fê-la entender como o pecado é hediondo (...).
As pessoas mundanas não têm o Espírito Santo, ou se o possuem, é apenas por um momento. Ele não permanece com elas; o ruído do mundo manda-o embora.
Um cristão que é guiado pelo Espírito Santo não tem dificuldade em deixar os bens deste mundo, e correr rumo aos do céu; ele conhece a diferença entre eles. (...) Para o homem que se põe sob a condução do Espírito Santo parece não haver mundo; para o mundo, parece não haver Deus... Nós devemos, portanto, ver por quem estamos sendo guiados. Se não for pelo Espírito Santo, trabalhamos em vão (...).
Tome numa mão uma esponja toda ensopada e na outra uma pedrinha; aperte-as igualmente. Nada sairá da pedra, mas da esponja sairá uma abundância de água. A esponja é a alma cheia do Espírito Santo, e a pedra é o coração frio e duro que não é habitado pelo Espírito Santo. (...)
O Espírito Santo forma pensamentos e sugere palavras nos corações dos justos... Aqueles que têm o Espírito Santo não produzem nada de ruim; todos os frutos do Espírito Santo são bons. Sem o Espírito Santo tudo é frio; portanto, quando sentirmos que estamos perdendo nosso fervor, devemos imediatamente fazer uma novena ao Espírito Santo para pedir-lhe fé e amor...
Vejam, quando fazemos um retiro ou celebramos um Jubileu, ficamos cheios de bons desejos: estes bons desejos são o hálito do Espírito Santo, que passou sobre nossas almas e renovou tudo, como o vento quente que derrete o gelo e traz de volta a primavera... (...) Quando temos o Espírito Santo, o coração se abre de par em par e se banha no amor divino. Um peixe nunca reclama de ter muita água ao seu redor, e nem um bom cristão reclama de estar longamente com o bom Deus. 
Há algumas pessoas que acham a religião algo cansativo, e isto é porque elas não têm o Espírito Santo.
Se alguém perguntasse aos condenados: "Por que vocês estão no inferno?" Eles responderiam: "Porque resistimos ao Espírito Santo". E se alguém perguntasse aos santos: "Por que vocês estão no Céu?" Eles responderiam: "Porque demos ouvidos ao Espírito Santo". Quando os bons pensamentos vêm à nossa mente, é o Espírito Santo que está nos visitando. (...)
Sem o Espírito Santo, os mártires teriam caído como folhas das árvores. (...) 
Como é belo, meus filhos, ser acompanhado pelo Espírito Santo! Ele é deveras um bom guia. E pensar que há quem não o siga... (...)
O Espírito Santo conduz-nos como uma mãe conduz pela mão seu filho de dois anos, como alguém que enxerga guia um outro que é cego. (...)
A descida do Espírito Santo era necessária, para tornar cheia de frutos aquela colheita de graças. É como um grão de trigo que vocês plantam no chão; sim, mas é preciso o sol e a chuva para fazê-lo crescer e tornar-se espiga.
Deveríamos dizer em cada manhã: "Ó Deus, enviai-me o vosso Espírito, para ensinar-me o que sou eu e o que sois vós".

Trechos de The Blessed Curé of Ars in his Catechetical Instructions, Instructions on the Catechism, Chapter III.

Tradução por Luís Augusto - membro da ARS

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