A participação do povo de Deus na Santa Missa
Muitos têm alguma forma de rejeição em relação à Santa Missa rezada em latim com cantos gregorianos; uns porque não "conseguem" entender nada, como já foi comentado em outros textos, o que pode, de certa forma, levar a uma participação não efetiva; outros até mesmo por achar mais interessante que a Santa Missa seja rezada “de frente para o povo” e em língua vernácula, pois acham mais atraentes e animados os cânticos que nos trazem ritmos populares: forró, pop, etc. Mas esquecem que, antes da forma em que a Santa Missa seja celebrada – se da forma extraordinária (Latim) ou da forma ordinária –, importa a postura com que se vai participar da Santa Missa.
Digo isto, pois não é raro, infelizmente, entrarmos na Igreja e conversarmos com amigos, parentes, e sabermos como vão as vidas dos outros. Raramente lembramos de nos benzer ao entrar na Igreja. Sequer fazemos o sinal da cruz com o mínimo de reverência. Sequer nos ajoelhamos diante do Santíssimo no sacrário. E quando começa a Santa Missa, onde há o comentário inicial, ainda estamos perambulando por todo aquele Local Sagrado, como se estivéssemos em uma praça – “afinal, é lugar público!” argumentam... O padre proclama o Santo Evangelho, e lá estamos nós, com o pensamento sabe Deus em quê, ou em quem. E pior: no momento da Consagração – o ápice de toda nossa vida, que se repete a cada Santa Missa celebrada – nem ao menos olhamos ao Senhor erguido, oferecendo-se em sacrifício ao Pai por nós. E no momento da comunhão, em que nos dirigimos a Ele, a fim de recebê-Lo , estamos olhando para os lados, talvez procurando pessoas, conversando, e até comungamos sem o mínimo de reverência, não fazendo a inclinação, no caso da comunhão de pé, ou para quem O recebe na mão, pegando-O como se fosse um pão e não o Pão do Céu.
Por outro lado, por mais que estejamos sedentos de uma Santa Missa celebrada com a reverência da qual é digna, até porque é a SANTA Missa, não é correto dizer que, se uma Missa é presidida por um sacerdote mais pecador ou menos pecador ela é mais ou menos Santa. De qualquer forma, o lugar é santo – a Santa Igreja – o sacerdote recebeu a Santa Ordem, que lhe foi concedida por Cristo: “Fazei isto em memória de Mim.” Logo, a Missa é Santa; há, com ou sem a devida reverência, ou independente do sacerdote, o Santo Sacrifício (a não ser no caso de problemas tais quanto ao ministro, à matéria, à fórmula ou à intenção que venham a comprometer a validez do sacramento). Com isto, quero dizer que a Santa Missa é a mesma; o milagre da transubstanciação é o mesmo. O Cristo que se oferece em sacrifício é o mesmo. Logo, devemos, sim, buscar uma participação cada vez mais reverente, sedenta e humilde na Santa Missa.
Ao passo em que entramos na Santa Igreja, estamos, misticamente, subindo o Monte Calvário, local onde o Cristo se oferece em sacrifício ao Pai por nós. Assim sendo, devemos nos posicionar com digna postura. Afinal, ao contrário do que muitos pensam, a Santa Missa não é propriamente uma festa, ou simplesmente um banquete – é o Santo Sacrifício. São Leonardo de Porto-Maurício nos conta um caso de uma santa alma que desejava ardentemente possuir milhares de línguas e corações, de forma que todas as criaturas se colocassem em constante louvor e penitência, contanto que todos esses louvores e penitências não conseguissem superar toda aquela vontade que ela tinha de louvar a Deus. Não muito tarde, obteve Sua resposta, de que bastaria que ela participasse de uma única Santa Missa com a devida reverência, já estaria fazendo muito mais do que desejava. Podemos, a partir daí, tomar consciência de um valor aproximado ao que tem a Santa Missa. Assim, vemos a importância de participarmos o mais dignamente possível da Santa Missa.
De fato, se considerarmos tal gesto de amor de Deus por nós, ordenando aos sacerdotes que renovassem eternamente este Santo Sacrifício, seriam insuficientes louvores e penitências constantes por toda a nossa miserável vida, que ainda permaneceríamos em débito com Deus.
Por outro lado, podemos, sim, saldar, mesmo que a míseras e incontáveis prestações, participando devota e reverentemente da Santa Missa diariamente, ou sempre que pudermos, em especial aos Domingos, como sabemos. Em vista disto, faz-se necessário que nos demos conta do devido valor que tem a Santa Missa, e participemos, independente de sacerdote, se é em latim ou em vernáculo, com a devida reverência e façamos a devida penitência, pois ao entrarmos na Igreja, lembremo-nos: estamos subindo o Monte Calvário, onde presenciaremos o Santo Sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, ao subirmos por tal rampa, deixemos para trás os pesos dos fardos dos nossos pecados – façamos verdadeiro reconhecimento de nossas culpas e peçamos o perdão de nossos pecados a Deus (tendo se confessado dos pecados graves); atentemo-nos às Sagradas Escrituras e tragamos toda a Sua Doutrina para as nossas vidas; façamos a oferta do pão e do vinho, de nossas vidas, do que somos e dos que temos a Deus; rezemos pelas almas do purgatório e pelas nossas, pois nunca é cedo demais para recebermos orações (mais vale uma velinha acesa à frente do que uma tocha atrás – não ilumina direito os nossos passos); ofereçamos, mais ainda, o Sacrifício do Cordeiro, elevado pelo sacerdote no momento da Consagração, a Deus Pai, pela remissão de nossos pecados e com louvores, por não sermos nós os sacrificados pelas nossas iniqüidades. Comunguemos não só fisicamente, recebendo a Hóstia Sagrada, mas peçamos, ainda, a comunhão espiritual – unamo-nos a Deus em corpo e espírito. Mas não O recebamos de qualquer forma, sem alguma reverência. Se possível, ajoelhe-se, pois você está se colocando diante do Deus vivo, o Rei dos reis, que está Se oferecendo, querendo fazer parte cada vez mais da sua vida. Caso não possa ajoelhar-se, reverencie-O com inclinação profunda; reconheça que está diante do Onipotente que se humilha ao tornar-se o Pão que alimenta a nossa alma. Por fim, louvemos a Deus por nos favorecer ofertá-Lo Dom tão precioso, impagável, inestimável, superior a todo e qualquer louvor e penitência, a fim de O alegrarmos. Participemos da Santa Missa.
Subamos a rampa do Monte Calvário para louvarmos a Deus e lhe ofertarmos o que temos de mais precioso: o Seu Unigênito.
Antunes Norberto – Membro da ARS
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