Revisando a nossa Quaresma
Estamos na semana mais importante de nossas vidas! Gostaria, então, que juntos recordássemos alguns pontos da nossa lex orandi da Quaresma (através das Orações do Dia, ou Coleta, da Forma Ordinária do Rito Romano), estabelecida pela nossa lex credendi, e que foi construindo a nossa lex vivendi.
Concedei-nos, ó Deus todo-poderoso, iniciar com este dia de jejum o tempo da quaresma, para que a penitência nos fortaleça no combate contra o espírito do mal. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
(Quarta-feira de Cinzas)
Iniciamos esta longa provação com mortificação, pedindo forças para combater o espírito maligno, que procura sempre uma ocasião para nos fazer cair no pecado. Se aquele que peca se torna escravo do pecado, eis o que o mesmo inimigo sempre quis de nós: fazer-nos escravos. A mortificação nos é, então, um modo de reafirmar sempre nossa opção pelo Senhor e nossa renúncia ao demônio e suas ofertas. Assim começamos a Quaresma.
Concedei-nos, ó Deus onipotente, que, ao longo desta Quaresma, possamos progredir no conhecimento de Jesus Cristo e corresponder a seu amor por uma vida santa. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
(I Domingo da Quaresma)
Para levantar a bandeira do senhorio de Cristo, faz-se necessário conhecê-lo. Eis que devemos ter procurado conhecer o Senhor ainda mais nesta Quaresma. Recordamos, obviamente, que só conhece o Filho aquele a quem o Pai isto concede. Progredir no conhecimento de Cristo, então, não é mero fruto do esforço pessoal, mas exige a graça de Deus. A mesma graça que nos faz conhecê-lo é que nos faz corresponder a seu amor. E amá-lo, como sabemos, é ter seus mandamentos e guardá-los.
Ó Deus, que nos mandastes ouvir o vosso Filho amado, alimentai nosso espírito com a vossa palavra, para que, purificado o olhar de nossa fé, nos alegremos com a visão da vossa glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
(II Domingo da Quaresma)
A Quaresma também nos tem sido um tempo de progresso na fé, na guarda da sã doutrina. Sabendo que é impossível agradar a Deus sem a fé, temos procurado a confiança e a fidelidade ao Senhor. Se o justo vive da fé, a Quaresma tem sido o tempo da oração humilde - a oração dos bem-aventurados que acreditam mesmo sem sinais, mesmo na provação, mesmo na "noite escura".
Ó Deus, fonte de toda misericórdia e de toda bondade, vós nos indicastes o jejum, a esmola e a oração como remédio contra o pecado. Acolhei esta confissão da nossa fraqueza para que, humilhados pela consciência de nossas faltas, sejamos confortados pela vossa misericórdia. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
(III Domingo da Quaresma)
Passamos essas semanas também procurando conhecer melhor nossas próprias fraquezas. As obras penitenciais nos têm sido remédio para evitar as ocasiões, reparar os deslizes do velho homem. Quaresma é o tempo daquele que se humilha. A Páscoa será o tempo em que Deus exaltará a este.
Ó Deus, que por vosso Filho realizais de modo admirável a reconciliação do gênero humano, concedei ao povo cristão correr ao encontro das festas que se aproximam, cheio de fervor e exultando de fé. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
(IV Domingo da Quaresma)
Para corrermos rumo às festas santíssimas que se aproximam, devemos saber o que motivará tais festas ou em que consistirão tais festas: a admirável reconciliação do gênero humano! Esta é a razão pela qual até mesmo o pecado de Adão será tido como indispensável, na proclamação da Páscoa! Aqui brilhou uma centelha de alegria, ao olharmos para o horizonte obscurecido do céu da liturgia e sabermos que o Sol brilhará numa jubilosa manhã de Páscoa!
Senhor nosso Deus, dai-nos por vossa graça caminhar com alegria na mesma caridade que levou o vosso Filho a entregar-se à morte no seu amor pelo mundo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
(V Domingo da Quaresma)
Já sabemos o que há de acontecer. É algo indispensável! Se o grão de trigo não morrer ficará só na terra e não passará de um grão. Ao contrário, se morrer dará frutos abundantes. A nossa história dependeu, depende e dependerá do sacrifício do Senhor! O Senhor deu a conhecer seus planos a nós. Por isso nos tratará como amigos, e assim nos chamará, e assim se entregará em nosso favor.
Deus eterno e todo-poderoso, para dar aos homens um exemplo de humildade, quisestes que o nosso Salvador se fizesse homem e morresse na cruz. Concedei-nos aprender o ensinamento da sua paixão e ressuscitar com ele em sua glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
(Domingo de Ramos da Paixão do Senhor)
Já no início desta santíssima semana, vivemos o grande ensinamento da cruz. Para que seja disperso o inimigo, o orgulhoso, Deus veio nos ensinar a humildade. E de fato é Deus o verdadeiro humilde! Temos aclamado o Senhor como o Rei. Cantamos hosanas, mas o nosso pecado gritou e grita ainda muitas vezes: "Crucifica-o". A história da Paixão segundo Marcos nos diz: "todos o abandonaram e fugiram".
Se temos assimilado bem o ensinamento desta longa provação da Quaresma, chegou a hora de permanecermos fiéis e vigilantes junto do Senhor.
Enfim, se a Santa Missa perpetua a obra da redenção, colocando os fiéis em contato com o mistério pascal deste Tríduo que se aproxima, a nossa preparação para a Missa deve se assemelhar a tudo isto que temos vivido na Quaresma. E assim como o Tempo Pascal transformará nosso luto em alegria, assim deveremos, como fruto do Santo Sacrifício, viver a vida do Senhor (cf. Gl 2,20), morto e ressuscitado (cf. Rm 8,43), imolado e de pé (cf. Ap 5,6), vivo a interceder por nós (cf. Hb 7,25).
Por Luís Augusto - membro da ARS
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