Cardeal Burke sobre o Summorum Pontificum e a reforma litúrgica pós-conciliar

Da entrevista concedida por Sua Eminência, o Cardeal Raymond Burke, Prefeito do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica, para a edição de maio de 2011 do noticiário católico francês La Nef.

Bento XVI, o amor do bom pastor

La Nef: Depois de três anos, que avaliação o senhor faz da aplicação do motu proprio Summorum Pontificum?
Cardeal Burke: Em sua aplicação, eu verifico um interesse e uma apreciação sempre crescente pela forma extraordinária do Rito Romano, da parte do fiéis em geral e dos jovens católicos em particular. Excelentes iniciativas tomaram lugar no intuito de promover a formação quanto ao motu proprio e seus objetivos, previstos pelo Santo Padre quando de sua promulgação. Penso em numerosas conversas, discursos, debates individuais bem como conferências sobre a Sagrada Liturgia, que deram particular atenção à forma extraordinária do Rito Romano e à sua relação com a forma ordinária. No mais, vários livros e artigos foram publicados, tendo como fim um profundo estudo do motu proprio.
É evidente que a aplicação do Summorum Pontificum não tem tomado lugar de um modo uniforme na Igreja universal. Em alguns lugares, sua aplicação tem até esbarrado na resistência daqueles que bradam não entender os seus objetivos e que defendem que o motu proprio não pode ser aplicado antes da publicação da Instrução relativa à sua aplicação. Eu espero que esta Instrução seja logo publicada, a fim de que o motu proprio possa ser aplicado de um modo mais universal e uniforme, segundo a profunda solicitude pastoral de nosso Santo Padre pela Sagrada Liturgia. Para aqueles que bradam não entender as intenções do Summorum Pontificum, eu sugiro uma releitura da Carta aos Bispos, escrito por nossa Santo Padre quando o motu proprio foi promulgado, bem como dos numerosos escritos do Santo Padre sobre a Sagrada Liturgia publicados antes e depois de sua eleição para a Cátedra de Pedro. Penso, sobretudo, em sua obra-prima: Introdução ao Espírito da Liturgia.
No que diz respeito a mim, a aplicação do motu proprio me permitiu desenvolver e aprofundar grandemente meu conhecimento e amor pela Sagrada Liturgia, a mais alta expressão da fé e da vida da Igreja. Relendo a própria carta apostólica (ou seja, o motu proprio), bem como a carta do Papa aos bispos, que a acompanha, eu vejo como nosso Santo Padre estava inspirado quano concedeu à Igreja universal esta nova disciplina litúrgica. Eu mesmo tenho sido uma testemunha pessoal dos bons frutos desta nova disciplina.
Para o futuro, estou convencido de que a aplicação fiel do Summorum Pontificum contribuirá para a verdadeira renovação da sagrada liturgia. Este era o desejo dos Padres do Concílio Vaticano II, mas este foi mais ou menos traído na maneira em que seu ensino foi posto em prática, logo após a sua conclusão. O Cardeal Joseph Ratzinger, no tempo, propôs várias vezes uma "reforma da reforma", permitindo uma completa correção das interpretações vagas e errôneas do ensino Conciliar acerca da sagrada liturgia e a recepção do ensino autêntico do magistério, para a maior glória de Deus e a santificação dos fiéis.

Fonte: http://rorate-caeli.blogspot.com/2011/05/la-nef-after-over-three-years-what.html
Original: http://www.lanef.net/t_article/benoit-xvi-lamour-du-bon-pasteur-mgr-raymond-leo-burke.asp?page=0

Tradução por Luís Augusto - membro da ARS

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