64º aniversário da morte do Servo de Deus Pe. João Baptista Reus, SJ

Pax et bonum!

Hoje (21/07) muitos brasileiros recordam a morte, há 64 anos, do grande sacerdote jesuíta tão amado em São Leopoldo - RS: Pe. João Baptista Reus.
Nós da ARS queremos tributar-lhe honra especial neste dia e pedir a Deus que apresse sua beatificação, multiplicando os milagres e sinais que concede pelos méritos deste seu servo. Terminamos ontem uma novena que tínhamos iniciado no dia 12. Nela pedimos de modo particular a celebração da Missa na Forma Extraordinária do Rito Romano para todos os que a pedem.
Aproveitando este dia, decidi transcrever trechos da "Páscoa" deste nosso santo (embora ainda não canonizado). Lamento só poder ter concluído a postagem já nas últimas horas deste dia. Será edificante, entretanto, a todos e a todo momento.
O ano é 1947...

O declínio das energias e dos órgãos do enfermo seguia seu curso normal. Superada a crise de abril, Pe. Reus não ia mais ao refeitório da Comunidade, mas era servido pelo jovem Ir. Ambrósio Reis (...). De acordo com o Diário, o padre ainda não esteve em condições de celebrar a missa na festa de Pentecostes (a 25 de maio). Mas já no dia seguinte [os dias da Oitava de Pentecostes, na Forma Extraordinária] pôde aproximar-se do altar, onde durante a missa toda, com alguns intervalos, observava como "as graças do Espírito Santo caíam sobre o altar em forma de chuva e uma vez em forma de línguas de fogo". Dando, no fim da missa, a bênção, viu acima de si o Espírito Santo, com a aparência de uma cruz incandescente. (...)
Seu último apontamento no Diário leva a data de 10 de junho de 1947. Depois de mencionar os três êxtases da missa acrescentou estas palavras: "Última missa". Na verdade assim foi. Na sua "missa" de cada instante, na qualidade de "vítima de amor" incluía doravante a renúncia também a essa hora mais bela do dia e que ele próprio chamara de "céu na terra".
Nas últimas semanas abrandara a asma, mas em compensação fizeram-se notar os efeitos da arteriosclerose nas mãos e nos pés, que não eram menos dolorosos. (...)
Em 9 de julho sobreveio nova crise, deixando prever o próximo desenlace. A Comunidade reunira-se em grande número em volta do leito do enfermo, para recitar as orações dos moribundos; entretanto o estado do enfermo tornou a melhorar, se bem que a fraqueza aumentasse a olhos vistos. Sentindo-se pior, pediu, na tarde de 11 de julho, um padre para a absolvição. (...)
Poucos minutos depois (...), o Pe. Reus foi visto sentar-se na cama, entrar em êxtase, estender os braços e virar-se para o lado. Foi chamado o Pe. Reitor. Entrando este no quarto, exclamou o enfermo: "A Mãe está presente!". "Sim, a Mãe virá com certeza buscá-lo", respondeu o Pe. Reitor e, acompanhado pelos presentes, começou a rezar as orações pelos moribundos. Interrompendo as orações, disse o Pe. Reus: "Acha-se presente toda a Sagrada Família". (...)
Contra todas as previsões, o doente começou a sentir-se melhor. Mas, a partir daquela data (11 de julho), rejeitava qualquer remédio, aceitando somente água e um mínimo de alimento. Conquanto, em razão da extrema debilidade, a memória e orientação começassem a falhar um pouco, muito lúcido confessava e recebia a Comunhão todos os dias. Bem nos últimos dias a fala tornou-se-lhe tão difícil, que mal se podia entendê-lo. A 20 de julho, domingo, seu estado parecia satisfatório, pois ele alimentava-se melhor e conversava um pouco. No dia seguinte, 21 de julho, sentiu-se pior e rejeitou o almoço. Às 14 horas, o Irmão Enfermeiro encontrou-o muito debilitado. Às 16 horas, querendo levar-lhe algum leite, reparou que o enfermo não mais falava. Tomou-lhe o pulso e saiu incontinenti a chamar o Pe. Reitor, que tinha o quarto ao lado. Levou um instante apenas até que este viesse, acompanhado do Irmão. E foi precisamente nesse curto intervalo que se extinguiu, sem sinal de agonia, a vida do Pe. João Baptista Reus.
Foi só isso que os olhos corporais puderam averiguar. Entretanto, pelo que sabemos da vida interior desse Servo de Deus, por fora talvez ponteada de arestas, mas por dentro repleta de atrativos e prodígios, não resta nenhuma dúvida acerca da realidade invisível que acompanhou o seu pensamento. Consumou-se e coroou-se, naquele instante, uma existência longa de sacrifícios e de amorosa união com o Divino Redentor das almas. O Eterno e Divino Sumo Sacerdote achegou para sempre ao seu Coração esta alma, que em vida lhe ofertara todo o seu amor fiel e casto, amor de esposa e amor sacerdotal, para dar-lhe a beber a taça pura do Amor Divino e Celestial, de cujo calor e felicidade o padre já tivera um leve antegozo aqui, sobretudo junto do altar. Deus infinitamente fiel converteu em realidade o que, em anos passados, prometera seguidas vezes a seu Servo, a saber, que ele jamais estaria dele separado e que depois da morte, entraria na glória celeste, sem necessidade de expiação. (...)
Traduziu-se, finalmente em realidade o que o padre, inundado de gozo, escrevera a respeito de sua incondicional entrega a Deus por seus primeiríssimos votos, a 1º de novembro de 1895: "Só me resta mais outro dia que me poderá tornar mais feliz: o dia da minha morte". Aquela vez acrescentara ainda: "Embora eu arda em desejos por vós, meu Amantíssimo e Saudosíssimo Jesus, quero contudo viver, para difundir o Reino do vosso Sagrado Coração nos corações daqueles que foram remidos no vosso Preciosíssimo Sangue. Depois, sim, irei ter convosco e descansar aos vossos pés, para nunca mais vos deixar por toda a eternidade".
Este dia almejado e bendito que foi o da morte, veio colher o Pe. Reus, quando contava 79 anos e 11 dias de vida, 54 anos (menos 9 dias) de sacerdócio e 53 anos (e três meses) de vida religiosa. Era o dia 21 de julho de 1947.

Fonte: Pe. Fernando Baumann, SJ. Grande Biografia. Tradução: Pe. Bruno Rabuske, SJ. Pp. 390-393. São Leopoldo, RS. 1987.

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